Muito bacana a iniciativa de alguns recifenses, que se organizam em grupos, para almoçar no Hotel Central, uma das relíquias arquitetônicas e históricas do Recife, que enfrentou período de decadência, passou depois por restauração e que esteve perto de fechar durante o isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus. E que só não fechou por causa de Rosa Nascimento, cozinheira e chef, que decidiu assumir a gestão depois que o antigo proprietário anunciou que as atividades estariam encerradas em 1 de junho de 2020.
Rosa herdou o Hotel Central com apenas três hóspedes e no período mais rígido do isolamento social. Salvou o emprego de 16 dos 22 antigos empregados e começou a tocar o projeto mais ousado de sua vida: manter o estabelecimento funcionando, remando contra a maré. E ela não o quer só como um local de hospedagem e comida regional. Mas também como uma opção para eventos culturais, quando baixar a poeira da pandemia. Por amor ao Hotel e solidariedade a Dona Rosa, muitos recifenses têm acorrido ao local até para pernoite, mesmo residindo no Recife. É uma forma que muitos arranjaram para ajudar na ocupação dos apartamentos e assegurar o caixa para ajudar Dona Rosa nas despesas.

E no sábado (19/9) tem mais uma “romaria”. É o S.O.S Hotel Central, que reunirá 20 pessoas em uma caminhada pelo Bairro da Boa Vista para, em seguida, um almoço regional na famosa cozinha de Dona Rosa. Para facilitar o trabalho no fogão, já que o número de empregados está reduzido, os pratos já foram previamente escolhidos. Os “apoiadores” mais recentes são integrantes dos grupos Bora Preservar e Preservar Pernambuco, que vão lá prestar continência a uma mulher de tanta coragem. O Coordenador dos Grupos, Denaldo Coelho, mora no Recife. Mas vai dormir lá. Tudo para dar apoio a Dona Rosa. Afinal, quando mais apartamento ocupado, melhor para facilitar a vida da gestora.
Se cada um toma iniciativas como essas, juntos, todos podem salvar um hotel que é, também, um poço de história. E que já hospedou figurões como o Presidente Getúlio Vargas, o cineasta Orson Welles e a cantora Carmem Miranda. “Taí, eu fiz tudo prá você gostar de mim”… E todos nós gostamos do Hotel Central. E também de Dona Rosa, mesmo que não a conheça pessoalmente. Pela sua história, pela sua coragem, pela sua obstinação, pelo espírito guerreiro. Por conta da pandemia, todas as regras de segurança serão cumpridas e o grupo foi limitado a 20 pessoas. Como integrante de ambos, também estarei lá. O Hotel Central e Dona Rosa merecem todo nosso carinho e atenção. Antes, faremos um passeio pela Boa Vista. O roteiro de hoje contempla alguns templos e prédios antigos do bairro e terá como guia o Professor Emanoel Correia, o mais assíduo “escriba” do Bora Preservar.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife