A primeira escola pública de agroecologia do Recife funciona no Sítio Natan Vale, localizado no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da cidade. É lá que acaba de se realizar o Curso Cultiva Recife, destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade, que por quatro meses conviveram com temas como agroecologia, soberania alimentar, plantio, ervas medicinais, plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e gestão de resíduos. Nada mais oportuno para a segurança alimentar, nesses tempos em que os preços dos alimentos estão pela hora da morte, não é? E hortas urbanas são cada vez mais necessárias.
Nas aulas práticas, os participantes aprenderam desde técnicas de plantio e cultivo em canteiros e bandejas até o manejo do solo, tecnologias alternativas, compostagem. Também aprenderam sobre o uso de materiais recicláveis, assim como a produção de repelentes naturais, shampoo de quiabo e sabão com óleo reciclado. O espaço também conta com um projeto de aquaponia, que está em fase de cultivo e utiliza a água dos peixes para irrigar as plantas. O curso foi fruto de parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) da localidade. O lavador de carros, Alexandre Alves, 56 anos, se encantou pelo cultivo das plantas e, frequentemente, preferia passar mais tempo no canteiro:
“Eu não entendia nada de plantas e hoje sei tudo. Planto, cultivo, colho e como. Já teve dias em que almocei tudo o que veio da minha plantação, do que veio da natureza. Foi uma experiência transformadora para mim”.
“Gostei muito da aula de suco verde porque descobri que posso fazer uma bebida saudável e deliciosa usando plantas que encontro na esquina da minha casa, na rua, ou que normalmente compraria no supermercado”, diz Agatha Raquel, 19, que participou do curso. “Outra aula muito interessante foi a de sabão, reutilizando óleo usado, porque, além de nos ensinar algo novo, também deu a oportunidade não só a mim, mas a outras pessoas, de aprender a transformar isso em algo rentável”, complementa. Lembrete: além de transformar o óleo de cozinha em sabão, “algo rentável” como ela diz, o fabricante está poupando a natureza, já que o óleo usado geralmente é descartado nos ralos das pias das
cozinhas.
Bióloga, técnica agrícola e coordenadora do Sítio Natan Valle – Escola de Agroecologia, Caroline Correia, informa que vem por aí uma segunda etapa do curso, com oficinas focadas no empreendedorismo até o mês de dezembro. “Hoje, encerramos um ciclo muito importante do Cultiva Recife, que é o ciclo de produção. Desde o início do curso, sempre pensamos em passos seguintes para fortalecer a autonomia dos participantes”. E informa que será feito intercâmbio com coletivos, associações e com o Sebrae. para que eles conheçam outras iniciativas da cidade e as oportunidades que existem. “Queremos que eles compreendam como podem comercializar os produtos que estão produzindo”, completa.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / PCR
Só podemos aplaudir,apoiar e divulgar ações como essa.
Importante para a segurança alimentar e como fonte de renda para quem vive em situação de vulnerabilidade.
É uma forma de capacitar e estimular práticas de cultivo ,gerar renda e servir como inclusão e resgate de pessoas que vivem à margem da economia formal.
Como disse o sr.Alexandre,”é uma experiência transformadora”.