A história sempre nos ensina. E muito. Quem não tem história, também não tem memória. E quem gosta de revolver a história do nosso estado conta, a partir dessa quarta-feira (22//5), com um bom motivo para comemorar: o livro “Pernambuco em Perspectiva Histórica”, que será lançado às 19h na sede da Academia Pernambucana de Letras, no bairro das Graças. O volume foi organizado pelo historiador e acadêmico da APL, George Cabral de Souza (foto abaixo)
Ele é o coordenador da imperdível Coleção Pernambuco na Independência (1822-2022), que foi lançada pela Companhia Editora de Pernambuco, dois anos atrás. “Pernambuco em Perspectiva Histórica” também é uma publicação da Cepe, e traz textos de doze especialistas, que abordam a história do nosso estado desde os seus primórdios (no século XVI), com um panorama dos diferentes povos indígenas até o golpe militar e a redemocratização (no século XX). De acordo com George Cabral, uma lacuna há de ser preenchida com a publicação, já que não havia um livro com uma síntese dos acontecimentos mais significativos da história do nosso estado. “A história de Pernambuco é gigantesca e temos uma carência editorial enorme, e esse é o primeiro passo para outras publicações”.
O livro custa R$ 80 (impresso). Mas pode ser lido a R$ 40, no e-book. O time selecionado está entre os melhores historiadores, professores e pesquisadoras de Pernambuco, alguns nacionalmente conhecidos, quase todos doutores em História. São eles com os respectivos temas abordados: Edson Silva e Mariana Dantas (“Povos indígenas em Pernambuco: um panorama histórico”); George Cabral de Souza (“Pernambuco no período colonial”); Rômulo Luiz Xavier do Nascimento (“A colonização holandesa em Pernambuco”); Bruno Romero Ferreira Miranda (“A insurreição luso-brasileira e o fim do domínio holandês – 1645-1654”); Flávio José Gomes Cabral (“O ciclo das revoluções libertárias em Pernambuco, 1817-1821-1824); Marcos Joaquim Maciel de Carvalho (“Tráfico de escravizados, poderes e haveres em Pernambuco no Brasil imperial”).
E ainda: Severino Vicente da Silva (“Pernambuco na República Velha”); Rita de Cássia Barbosa de Araújo (“A canoa virou: a Revolução de 1930 em Pernambuco”); Giselda Brito Silva (“O Estado Novo e a interventoria de Agamenon Magalhães, 1937-1945”); Pablo Francisco de Andrade Porfírio (“Pequenas histórias do mundo movente”); Socorro Ferraz (“O golpe de 1964 e a ditadura militar em Pernambuco”); José Marcelo Marques Ferreira Filho (“A redemocratização pelo prisma da subalternidade, Pernambuco – 1979-1985”).
Como se vê, são vários autores, dissecando a trajetória do nosso estado, em diferentes contextos e épocas. E abordam desde episódios vergonhosos como a escravatura e o golpe militar,como também os fatos que nos orgulham, como os levantes populares e insubordinação, como é o caso da Revolução de 1817, a Confederação do Equador (1824) e a Revolução Praeira (1848). Também há passagens pitorescas, como aquela citada por Rita de Cássia, quando o nosso “leão do norte” passou a ser “desfibrado, cabisbaixo e moribundo”. Já Pablo e Socorro abordam fatos internacionais e locais, durante a ditadura militar de 1964. Socorro mostra porque a década de 1960 transformou-se em um “período de desilusões”, lembra a chamada “guerra fria”, e a presença dos Estados Unidos no golpe de 1964. Diz ela:
“Toda a propaganda de direita com o Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), alarmando para uma possível revolução armada no campo, não passava de pretexto para que os americanos derramassem muito dinheiro para armar os proprietários e financiassem as campanhas políticas de direita”
Pablo mostra como os trabalhadores da área canavieira de Pernambuco, historicamente explorados pelos usineiros, passaram a ser vistos como “comunistas” pelos militares, durante e após o golpe militar. Ele traz depoimentos de trabalhadores rurais que foram sequestrados e ouvidos pelos “milicos”, situa o contexto em que os lavradores viviam. E mostra porque não foi difícil a eclosão de movimentos sociais como as ligas camponesas.
“Os canaviais definiam a vida de muitos trabalhadores e trabalhadoras. Nasciam e morriam dentro dos engenhos, de safra em safra. Nas décadas de 1940 e 1950 ocorreu um intenso movimento de expulsão dessas pessoas que viviam nas frestas das plantações dos engenhos. Eram moradores de geração em geração. A instalação de usinas de açúcar na Zona da Mata, desde o final do século XIX, desarticulou uma organização econômica de subsistência para esses trabalhadores”.
Abaixo, você confere outros livros sobre história e publicações da Cepe
Leia também
História: Guerra dos mil povos fala da nossa maior revolta indígena
História: Lugares de memória da escravidão e da cultura negra em Pernambuco em livro
Pesquisador da história de Apipucos, Antônio Gomes Neto, faz palestra no Instituto Arqueológico
Livro: Jacques Ribemboim relata cinco séculos de história dos judeus em Pernambuco
História: Senador Humberto Costa lança livro “Brasil Holandês”
História: Krzyszotof Arciszewski,o rival polonês de Maurício de Nassau
Tejucupapo revive batalha do século 17
Caminhadas Domingueiras: Percurso entre os dois arraiais do século 17 que ficaram história
Caminhadas Domingueiras com percurso pela cidade holandesa
Silenciosa relíquia do tempo de Nassau
Forte do Buraco, tombado, destombado, tombado de novo, lindo e abandonado
Fortim do Bass, inédita relíquia de areia do século 17 fica em Porto Calvo, AL
Sessão Recife Nostalgia: Sítio Trindade, história, festa e abandono
Achado arqueológico no Recife: 40 mil fragmentos,cemitério e fortaleza
Documento inédito revela riquezas acumuladas pela Igreja Católica no passado
História: Coleção Pernambuco na Independência é lançada no Museu do Estado
Grito do Ipiranga: Pernambuco contestador, as “independências” do Brasil, revoltas populares
Instituto Arqueológico e Cepe lançam coleção que aborda revoluções, padres guerreiros e mártires
Pedro Américo, o artista que virou “pop star”
Fenelivro tem história de vida de Pedro Américo
O grito dos excluídos por independência verdadeira no século 19: Maria Felipa
O “sequestro da independência”: Como ditaduras e democracias exploram a data cívica
Revolução de 1817, “subversão” que virou orgulho dos pernambucanos
Paulo Santos: Frenesi absolutista do Brasil e a pole position de Pernambuco
O lado musical da Revolução de 1817
Entre o amor e a Revolução
Livro mostra mania pernambucana de grandeza
Muito linda, a versão musical da Revolução de 1817
Libertário, Frei Caneca é lembrado
Museu e Frei Caneca na ordem do dia
Revolução de 1817 no Olha! Recife
Mais venerada do que a do Brasil, Bandeira de Pernambuco tem nota técnica
De Yaá a Penélope africana
Resgate histórico: primeiro deputado negro do Brasil era pernambucano
História da Revolução de 30 e a tragédia de três homens chamados João
Na Várzea: Jaqueira lembra história dos escravizados e vira memória de história de amor
Arqueólogos revolvem passado do antigo Engenho do Meio
Tejucupapo revive batalha do século 17
Senhora de Engenho, entre a Cruz e a torá tem encenações em casarão
“Cangaço, Guerreiros do Sol, Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil é relançado
Esgotado, livro “Estrelas de Couro – A estética do cangaço é relançado”
Livro mostra a rica vida cultural do Recife do passado
Quase Santo, Dom da Paz ganha livro com 36 história
Sítio da Trindade: Memorial da Democracia, pioneiro no Brasil ganha reforço
A Capital vai virar mar?
Sessão Recife Nostalgia: Viagem do século 21 ao 16 com livro e exposição no Museu da Cidade
Um bufão no poder: Livro analisa negacionaismo, catastofrismo e messianismo em Bolsonaro
Livro mostra passageiros da tempestade: fascistase negacionistas em tempos presentes
O levante dos camponeses
Fake news: Bacamarteiros viraram guerrilheiros
Memória e censura: quando a palavra camponês era proibida nas redações
Fortes podem ganhar título da Unesco
Fantasmas no Forte de Cinco Pontas
Achado arqueológico no Recife: 40 mil fragmentos,cemitério e fortaleza
Arqueólogos revolvem o passado no antigo “Engenho do Meio”
Serviço
Lançamento do livro “Pernambuco em perspectiva histórica”
Quando: quarta-feira, 22 de maio
Horário: 19h
Onde: Academia Pernambucana de Letras, Av. Rui Barbosa, 1596, Graças
Preço do livro: R$ 80 (impresso) e R$ 40 (e-book)
Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Fotos: Cepe / Divulgação
Lançamento fantástico Letícia! Uma ótima dica pelos apaixonados pela história de Pernambuco. Obrigado