Apreendidos no domingo passado, 85 guaiamuns acabam de ser liberados em um engenho da Usina São José, em região pertencente à Área de Proteção Ambiental Santa Cruz, Litoral Norte de Pernambuco. Os animais estão agora de volta ao mangue, para que possam se desenvolver e cumprir seu papel na natureza. O guaiamum – cujo consumo é muito apreciado,principalmente no Nordeste – é vítima da captura predatória. O Cardisoma guanhumi é hoje considerada como “criticamente em perigo”, figurando no Livro Vermelho da Fauna Brasileira como uma das espécies ameaçadas de extinção.
A espécie antes era encontrada em um trecho imenso, que vai da Flórida (Estados Unidos) ao Litoral Sul do Brasil (Santa Catarina). E embora na Flórida ocorra em grandes quantidades de tocas por metro quadrado, no nosso país está escassa, chegando a integrar Lista Nacional Oficial de Animais em Extinção. Aquele bichinho que a gente antes via aos montes, correndo entre as tocas no meio dos manguezais e que costumava consumi-lo sem dó, o guaiamum pode desaparecer no Brasil. Por conta disso, sua captura, comercialização e consumo chegaram a ser proibidos em território nacional, segundo determina portaria federal que, aliás, não é de hoje, mas de 2014. O controle atualmente é feito com períodos de defeso, quando a captura é proibida.
Os defesos ocorrem durante as andadas, quando os bichos deixam suas tocas para o ritual de reprodução. Apesar das restrições, o animal continua sendo alvo de caça, pois é muito procurado em bares, restaurantes, nas areias das praias. Há oito dias, a Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) apreendeu mais de 80 crustáceos da espécie. O período de defeso terminou no mês de março, de forma que a caça não está mais proibida. O problema é que a captura e comercialização desses animais precisam obedecer a protocolos que não coloquem a espécie em risco ainda maior.
“Um guaiamum não pode ser capturado se a carapaça tiver tamanho inferior a sete centímetros de comprimento”, explica Iran Vasconcelos, Gerente da Unidade de Gestão em Fauna Silvestre da Cprh. “Os animais foram apreendidos porque suas carapaças estavam com tamanho inferior ao recomendado, pois a maior não passava de cinco centímetros, havendo animais que chegavam a apenas três e meio”. Ou seja, um massacre. Se os bichos são capturados ainda bebês, antes do período reprodutivo, como poderá ser preservada a espécie? Também não é permitida a captura e comercialização de fêmeas, mas elas eram numerosas na carga apreendida. “Só podem ser capturados animais machos”. Os guaiamuns, felizmente, foram reintroduzidos à natureza de onde nunca devem ser retirados antes da época apropriada. “Tudo para que eles possam crescer, se reproduzir, até que, no futuro, possam ser capturados para consumo, porém dentro dos padrões estabelecidos”, lembra Iran.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Cprh / Divulgação
Se está quase em extinção no Brasil porque não faz uma proibição de um ano ou mais para que essa espécie possa se reproduzir e sair da extinção. Esse é o método mais correto para que esse crustáceo volte a se proliferar nos mangues.
Vou consultar os órgãos competentes.