Proteção é preciso. Caso contrário, a especulação imobiliária toma conta. E o turismo predatório também coloca tudo a perder, destruindo a natureza. E lá é só o que não falta. São manguezais, fragmentos florestais de Mata Atlântica, mata de restinga e cordões de arrecifes. Por esse motivo, uma das regiões mais bonitas do Litoral Sul de Pernambuco foi transformada em Área de Proteção Ambiental, ainda no século passado. E nesse sábado, a APA Guadalupe comemora 24 anos de fundação, com algumas novidades.
Administrada pela Agência Estadual do Meio Ambiente (cprh), a Apa tem 32 hectares de área continental mais 12 hectares de área marítima. E abrange partes dos municípios de Barreiros, Rio Formoso, Sirinhaém e Tamandaré, os quatro muito disputados por turistas, inclusive com grande movimento de embarcações, o que terminou por motivar um decreto disciplinando o tráfego de lanchas, catamarãs e outros. Aos finais de semana, o mar ficava “engarrafado”, com prejuízos para a flora e fauna da região.
O território da Apa inclui áreas públicas e particulares, moradias permanentes e de veraneio, assentamentos rurais, engenhos, área quilombola, atividades de pesca, agricultura e turismo. A Apa também é rica em diversidade de ambientes e atividades econômicas, sua biodiversidade é motivo para pesquisas científicas e virou alvo de vários projetos para manutenção da flora e da fauna. Em 2021, dois projetos devem ser implantados, contemplando a população da área de proteção. Um de turismo rural de base comunitária, o que é muito bom. A Apa também terá uma unidade de beneficiamento de pescado, voltado para as mulheres quilombolas do Engenho Siqueira, localizado no município de Rio Formoso. As duas iniciativas são financiados pelo Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (GEF-Mar), do Governo Federal.
Neste ano, como parte das comemorações dos 24 anos, a Apa de Guadalupe também divulga campanha de sensibilização voltada para preservação do cavalo-marinho, que no futuro se tornará em espécie bandeira da Apa,o mascote. A campanha, financiada pelo Projeto Terramar, também objetiva viabilizar a implementação do Zoneamento Ambiental e Territorial das Atividades Náuticas (Zatan) e a revisão do plano de manejo. De acordo com a gestora da Apa de Guadalupe, Joany Deodato, a publicidade se dará por meio de oficinas e produção de cartilhas.
A Apa de Guadalupe foi criada pelo Decreto Estadual nº 19.635 de 13 de março de 1997. Com uma área total de 44.799 hectares, sendo 32.135ha de área continental e 12.664ha de área marítima, a Apa funciona como Unidade de Conservação de Uso Sustentável, que tem por objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de recursos naturais. Ou seja, proteger e conservar os sistemas naturais, objetivando a melhoria e a qualidade de vida da população local que, em conjunto com a gestão da unidade, devem proteger e conservar os sistemas naturais, imprescindíveis ao ecossistema, em especial os recursos hídricos.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cprh / Divulgação