Grupo Magiluth mostra atualidade em Morta e Vida Severina. E cobra R$ 1 por ingresso

O criativo grupo Magiluth não parou nem mesmo na pandemia. Arranjou uma forma criativa de levar teatro virtualmente à casa das pessoas. Mas agora está de volta ao palco. E, para comemorar o Dia do Trabalhador – que transcorre em 1 de maio – o Magiluth estará no Teatro do Parque, nessa sexta-feira (29/30), para apresentar Estudo nº 1: Morte e Vida, inspirado no célebre poema de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina. E o melhor: o ingresso de hoje será apenas R$ 1. O início da apresentação está marcado para 20h.  Corra, que dá tempo de chegar lá.

O preço popular, quase de graça, é uma forma de possibilitar o consumo de cultura pelos transeuntes, por quem trabalha nas redondezas e pessoas com poder aquisitivo mais baixo. “Nós achamos de extrema importância trazer esse debate do valor do ingresso por R$ 1, neste momento em que a classe trabalhadora se encontra muito sufocada pela situação do país. O direito à cultura está na Constituição Federal e nós não podemos deixar que o poder público esqueça disso”, explica o ator Mário Sergio Cabral sobre a iniciativa, custeada pelo próprio grupo, criado há 18 anos.

Grupo Magiluth encena hoje peça inspirada em Morta e Vida Severina, drama atual e mais abrangente 68 anos depois.

Na plateia, o Magiluth pretende promover uma espécie de celebração entre trabalhadores das artes, do comércio e dos serviços.  No palco, os atores Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres e Mário Sergio Cabral encenam uma reflexão sobre condições precárias de trabalho e subsistência, desigualdade, fome e exploração. Eles mergulham no clássico “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, para extrair a essência, misturar com dilemas contemporâneos e expurgar em forma de arte o sofrimento das vidas severinas já retratadas pelos versos rigorosos do poeta e diplomata pernambucano.

E mostram como o poema, escrito em 1954, encontra-se tão atual apesar de estarmos no século 21. É que em Estudo Nº 1: Morte e Vida, estão apontadas urgências sobressaltadas nos últimos anos, como a questão da migração em busca de condições “melhores” e da relação desse homem com a terra, com o trabalho, com a morte e com o poder político; a questão climática, da seca, e como isso tem afetado as vidas em várias partes do mundo. Mostram, ainda, como o assunto é perpassado pela política, que enriquece os coronéis e quem está no poder, enquanto empobrece a população e não atende aos cuidados básicos; o trabalho e a uberização (e a ideia de que a competição e a flexibilização só tem provocado mais desemprego e pauperização). No decorrer da história do Brasil, em inúmeras circunstâncias, pessoas foram levadas a deixar os seus territórios de origem em busca de melhores condições. Hoje, os “severinos” (personagem principal do poema) assumem várias nacionalidades e a migração tem outros encadeamentos. São essas relações que o Magiluth explora na peça-palestra.

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SERVIÇO
Evento: Espetáculo “Estudo Nº 1: Morte e Vida”, do grupo Magiluth
Quando: Sexta-feira (29 de abril), às 20h
Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista)
Quanto: R$ 1 (à venda na bilheteria, a partir das 14h do dia 29)

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / Magiluth

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