“Vai ser um grande encontro. Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo que se cuidem”. A frase bem humorada, referindo-se ao famoso show dos três consagrados artistas, é de Carlos Amorim, o Véio Cafuné. É que os véios vão fazer também um “grande encontro” . Será às 21h do dia 21 (sábado), na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife. Para os que não sabem, Cafuné é véio de pastoril profano, também chamado de pastoril de ponta de rua. Aquele em que o “mestre” de cerimônias canta e diz piadas escrachadas, em um folguedo bem diferente dos chamados pastoris tradicionais, que nessa sexta até estão fazendo cortejo na cidade. Estes são compostos por cordões (azul e encarnado), personagens como a Diana e a Borboleta, e cantam jornadas de cunho religioso, para enaltecer o nascimento do Menino Jesus. Já os profanos…
Se os pastoris religiosos surgiram nos pátios das igrejas, o profano apareceu no meios das ruas, principalmente em bairros populares. São picarescos e voltados para o público adulto. No Recife, além de Cafuné, há três outros famosos e atuantes véios de pastoril: o impagável Véio Mangaba (Walmir Chagas); o Véio Lumbrigueta da Macaca Preta (Silas Araújo), e Véio Xaveco (Antônio Coutinho). Estive com eles na última quarta-feira, no Pátio de São Pedro, onde se reuniram para ensaiar para a segunda edição do Grande Encontro de Véios do Recife, que tem tudo para virar tradição do Ciclo Natalino em nossa cidade. Enquanto assistia ao ensaio, quase morri de rir, com as piadas e as maliciosas músicas de duplo sentido da veiaria, prá lá de apimentada…
Foi uma onda. E olhem que eles estavam de caras lisas sem as pinturas do rosto, quando se sentem muito mais à vontade para destilar os seus “venenos”. Também não usavam as vestes que lembram as de palhaços, e estavam muito mais preocupados em criar coreografias, sob o som do grupo musical que os acompanhará no sábado, formado por instrumentos como bandolim, cavaquinho, violões, sanfona, bateria e zabumba. O Grande Encontro foi idealizado pelo Véio Mangaba, que também é responsável pelo texto e direção do espetáculo.
Não posso perder essa apresentação. E recomendo a todos que não deixem de ir. Afinal, são poucos os véios ainda atuando, e o pastoril de ponta de rua é realmente muito divertido. Eu não paro de gargalhar com as tiradas desse pessoal. Eles não deixam escapar nada. O show tem texto, mas normalmente os véios fogem dele. “A gente normalmente improvisa, o nosso humor está sempre em cima da crítica social”, diz Mangaba. “O palhaço (véio) fica sempre atento a qualquer deslize dos governantes”, explica. Então, já dá para se sentir o que vem por aí, na noite do sábado. Tanto Lumbrigueta quanto Cafuné, exaltam o “Grande Encontro“, como forma de tornar a categoria mais forte, através da união que sempre faz a força. Agora, os véios estão se juntado, para formalizar a criação do Coletivo de Véios de Pernambuco. Quá, quá, quá, quá…
Veja no vídeo, os véios convidando você, para o “Grande Encontro”:
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Texto, foto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife