Ferramenta poderosa para enfrentar o vandalismo – pichações em muros, repartições, pontes, prédios públicos – o grafite também abre chance de empreendedorismo. No Recife, ele já está na sala de aula. Ou melhor, nos colégios municipais. Nos dias 7, 8 e 9 de março, a vez é das escolas Dom Bosco (Jardim São Paulo) e Florestan Fernandes (Ibura). Sessenta alunos das duas unidades terão oficinas com os artistas de rua Ítalo (Coletivo Mundo Paralelo) e José Clayton, o Carbonel (do Coletivo Mangue Crew).
Cada oficina oferece 30 vagas. E o objetivo é despertar a consciência dos alunos e também estimular vocações para a arte de rua, e até a busca pela profissionalização. A iniciativa é da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, que publicou edital convocando artistas para a empreitada, através do Projeto Colorindo o Recife. “Vamos levar a arte urbana e o conhecimento de técnicas do grafite para as unidades de ensino, como forma de fomentar o protagonismo estudantil na inclusão social e no empreendedorismo”, diz Ana Paula Vilaça, titular da Seturel.
Na semana passada, aconteceram duas oficinas em escolas localizadas no bairro de Caxangá, Zona Oeste do Recife. O bom disso tudo é que as oficinas não se limitam ao ensino de como pintar paredes. Pois os estudantes têm aulas teóricas com assuntos como Grafite: Arte ou Cultura? Ou Movimento Cultural Hip Hop, seus elementos e história. Ainda aprenderão sobre violência, sociedade, opressão, preconceitos, direitos civis, ética e principalmente cultura da paz. Também aprenderão como transformar o grafite em empreendedorismo. Os jovens beneficiados têm entre 13 e 15 anos.
Para Ítalo a iniciativa é muito importante para os adolescentes e até podem lhes mostrar caminhos no mercado. “É cada dia maior o número de estabelecimentos que solicitam grafites, até mesmo lojas. Se eles tomam gosto, podem se profissionalizar”, diz ele. “As oficinas chegam em momento em que o estudante se torna mais crítico, mas também mais consciente do seu papel, e a ação pode ajudá-los a buscar consciência e esclarecer as dúvidas que acontecem com essa idade”, completa. Para o artista, a iniciativa vai ajudar aos jovens quanto ao uso da arte de rua para o empreendedorismo”. Nas oficinas, tanto a parte prática quanto a teórica, são ministradas pelos artistas selecionados para a empreitada.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação/ PCR