O Recife tem grandes fotógrafos, preocupados em mostrar a poética, as belezas naturais, os atrativos turísticos da cidade. Mas nenhum é tão eficaz em apontar as mazelas da capital pernambucana, como Genival Fernandes Vieira. Morador do Centro e andarilho, com seu olho crítico, tem presença assídua aqui no #OxeRecife e em outros espaços da grande Imprensa que se dedicam a mostrar as carências e necessidades da cidade. O que chega a fazer, em grande parte das vezes, como voluntário. Paparazzi – como é mais conhecido – acaba de ser homenageado com Menção Honrosa, concedida pela Câmara Municipal.
Ele tanto se preocupa em mostrar espaços públicos indevidamente ocupados, como a poluição dos rios, a ação de vândalos, a falta de manutenção nas pontes, banheiros públicos fechados, os animais confinados no Parque Treze de Maio. Também vive de olho nos precários abrigos de ônibus, as calçadas esburacadas, os famintos nas ruas, as tragédias cotidianas. E está entre os Comunicadores e Influencers que Orgulham o Estado de Pernambuco que receberam o reconhecimento. A proposta foi do vereador Ebinho Florêncio (Podemos). Talvez, de todos os homenageados, Paparazzi seja o que tem mais história a contar. E também o que tenha passado por momentos mais difíceis. Chegar onde chegou não foi fácil para ele, pois sua vida não difere muito da de outras crianças que precisaram trabalhar muito cedo, para ajudar os pais. Isso no município de Limoeiro, onde até hoje reside grande parte de seus familiares. Pode, portanto, se considerar um vitorioso pois não foi fácil exercer a profissão que escolheu e que o tornou uma figura muito conhecida no Recife, entre o público que vai de políticos a atletas do nosso futebol.
Filho de pais carentes, Genival começou a trabalhar logo cedo, para ajudar na renda da família, como disse acima. Ainda menino, catava ossos no lixo dos matadouros e de residências de Limoeiro – para vendê-los como matéria prima para uma fábrica de botões. Depois, passou a vender pão nos domicílios que ficavam distantes do centro daquele município, localizado a 77 quilômetros do Recife. “Saía de casa às quatro da madrugada, com um balaio para vender na Serra”, diz, referindo-se ao conjunto de morros que cerca aparte urbana de Limoeiro. Depois, passou a vender jornal nas ruas o que lhe chamou a atenção para a profissão de repórter. Foi quando começou a atuar como repórter fotográfico no jornal “A Liberdade”, de Limoeiro.
Daí para virar “paparazzi” foi um salto rápido. Começou a atuar como freelancer, colaborando com jornais locais, como Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio. Também prestou e ainda presta muitos serviços a times e clubes de futebol, esporte que é uma de suas paixões. Ele chegou ao Recife em 1997, e após colaborar com os jornais locais, começaria a fazer serviços para veículos de outros estados, como O Dia, O Globo, Revista Veja e até para agências internacionais, como a AFP. “Mas foi com a ajuda de colegas do Diário de Pernambuco que fiz meu nome, pois tive contato com profissionais que muito me ensinaram e só tenho a agradecer”, lembra. Tem, também, uma gratidão eterna com o falecido ex-Governador Eduardo Campos (1965-2014), que o convidou para ser fotógrafo oficial da Secretaria de Esportes de Pernambuco. Encerrada a gestão, Paparazzi voltou à vida de freelancer. Onde está até hoje.
Abaixo, você confere informações sobre outros fotógrafos do Recife.
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Serviço
Genival Paparazzi – fotógrafo freelancer
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação