Em meio ao abre e fecha de lojas, o Shopping Paço Alfândega parece não estar fazendo esforço para atrair clientela. Ao contrário, trata de espantá-la. Pelo menos os que estavam lá na noite de sexta-feira, inclusive gente que tinha ido assistir ao cortejo de pastoris e suas apresentações no palco, armado ao lado daquele centro de compras, um dos mais graciosos do Recife. O atendimento, no entanto, não é lá essas coisas.
Nove em ponto – muita gente ainda pensa que seu horário é igual aos outros, 22h – dezenas de pessoas ficaram sem condições de sair. Um segurança, grosso e mal educado, lacrou uma saída térrea do Shopping, aquela que dá para a Rua da Moeda. Eu estava com duas amigas na Cafeteria São Braz. Pagamos a conta e, exatamente às nove horas e um minuto, tentamos sair. O segurança lacrou a porta de acesso à Rua da Moeda, e mesmo ainda no local, nos mandou para a que dá para o Cais da Alfândega, à margem do Capibaribe. Fechada também. Fomos então para a saída ao lado da Livraria Cultura, também fechada. Parecia até uma brincadeira de “gato e rato”. Um saco. Era muita gente, andando de um lado para outro, sem saber por onde sair.
Estávamos com uma pessoa idosa, com dificuldade de se locomover. Mais nem isso foi levado em conta, sendo aquele o shopping preferido para pessoas com dificuldade de andar. É pequeno, a pessoa pode ser deixada em uma das portas térreas e assim tudo fica mais perto. Qual nada. Tínhamos deixado o carro em local distante (justamente porque o estacionamento de lá fecha cedo), e tivemos que ir ao estacionamento do Paço, descer até a rua, e andar por áreas bem escuras, o que dá um medo danado, diante da onda de assaltos que assola o Recife.
Clientes revoltados reclamavam do descaso com eles e até invocavam o quesito segurança: “Se acontece um incêndio ou um outro imprevisto, como fica a situação, com essa dificuldade de sair?”, afirmou um homem, meio perdido, no estacionamento. A mãe andava com ajuda de bengala, e teria que andar até o carro, no meio da rua, pelo mesmo motivo nosso: achava que ia ficar até depois das dez horas. Mas as apresentações de pastoris foram rápidas. Acabaram logo e todo mundo foi fazer uma horinha no Passo. Agora, vou pensar duas vezes antes de ir ao Paço à noite. Porque respeito ao cliente é bom, e eu gosto. Não vi uma só pessoa elogiando a medida e o tratamento dispensando. E, pior, não teve um funcionário do próprio Paço que nos indicasse por onde sair. Quem salvou o time dos descontentes foi a funcionária de um salão de beleza. Depois, ainda tem quem reclame da crise….
Texto e fotos: Letícia Lins/ #OxeRecife