Pernambuco tem doze povos indígenas, espalhados sobretudo em municípios do Agreste e do Sertão. Muitos índios, no entanto, cerca de 15 mil, residem na Região Metropolitana. Vieram estudar ou arranjar emprego. Alguns deixaram suas aldeias ainda muito jovens. É o caso de Aluísio Caetano de Sá, residente no Recife, onde formou-se em teologia. Mas o hoje comerciante é conhecido por outro fato: produziu um dicionário de Yaathe, com 4 mil verbetes, o primeiro produzido por um índio no País. E agora trabalha na elaboração de uma gramática para aquela Língua.
O Yaathe, para os que não sabem, é o idioma original dos fulniôs, que residem a 314 quilômetros do Recife, no município de Águas Belas, de onde Aluísio saiu, quando tinha apenas 16 anos. Na Capital, estudou, formou-se em teologia, e hoje é comerciante. Mas dedica grande parte do seu tempo ao resgate da língua da etnia. Assim que a gramática ficar pronta, ele pretende voltar a Águas Belas, para fazer capacitação dos professores da tribo, que já conta com escola bilíngue e até cartilha em Yaathe.
“Saí de lá em 1960, porque queria estudar. Naquele tempo, os índios não se misturavam com alunos brancos, nas escolas da área urbana de Águas Belas. A professora vinha até a aldeia, onde só estudávamos até o quarto ano primário. Depois, os fulniôs passaram a frequentar as escolas da cidade, e aí começaram a perder a identidade linguística”, lembra Aluísio. “O Brasil já teve mais de 200 línguas indígenas, e em Pernambuco, a única ainda viva é o Yaathe”. Ele se orgulha de fazer parte dessa história. E de ter um trabalho que diz ser inédito. “Meu dicionário é o único do Brasil escrito por um índio, pois os outros foram escritos por antropólogos, missionários, linguistas”, diz. “E é completo. Tem verbetes, transcrição fonética, etimologia e categoria gramatical”.
Contou que antes, em reuniões com professores bilíngues da aldeia, havia observado que cada qual adotava uma escrita diferente. Com o dicionário e a gramática, o idioma fica sistematizado e mais fácil de ser transmitido às gerações mais novas. Há publicações anteriores, de outros autores, sobre a estrutura da língua fulniô, mas o texto acadêmico impôs dificuldades ao seu entendimento. Aluísio agora tem um sonho: quer que o Iatê (desculpem-me o aportuguesamento) seja incluído no Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial. Ele deu recentemente uma palestra na Faculdade de Direito da UFPE. Fez questão de falar boa parte dela em Yaathe, e escalou uma de suas filhas para fazer a tradução.
Meu sogro, que saudades nos deixou… Faleceu no ultimo dia 02/03. Nos deixou orfãos de seu carinho e cuidado. Tenho orgulho por ter tido-o como um sogro, amigo e pai.
Meus sentimentos pelo seu sogro. Gostaria de saber se ele terminou o Dicionário Yate e se sim, como faço pra adquirir um exemplar.
Essa postagem foi publicada há tanto tempo e, ainda hoje, há leitores solicitando informações sobre como aquirir o dicionário de iatê.
Olá, Bom dia. Meus pêsames pelo seu sogro. Por acaso ninguém da família dele tem o dicionário iatê – português no formato físico? Seria de grande valia se alguém pudesse digitaliza-lo e disponibilizar na internet para que o trabalho dele seja lido por pessoas apaixonadas pelo Iatê e para outros fulni-ô em retomada possam aprender o idioma.
Saudades imensa do meu avô! 😫😫
Olá, Bom dia. Meus pêsames pelo seu avô. Por acaso ninguém da família dele tem o dicionário iatê – português no formato físico? Seria de grande valia se alguém pudesse digitaliza-lo e disponibilizar na internet para que o trabalho dele seja lido por pessoas apaixonadas pelo Iatê e para outros fulni-ô em retomada possam aprender o idioma
Boa noite. Sou filha e a reprodução não pode ser feita dessa forma, em razão dos direitos autorais. Segue meu contato: suzanakarlac@gmail.com
Boa Sorte, Suzana. Vários leitores me telefonaram à procura do livro, mas após o falecimento dele fiquei sem contato. Torço para que o dicionário seja mais divulgado. Qualquer coisa, conte aqui com o nosso espaço.