Com 42 carnavais, a Troça Carnavalesca Independente Nóis Sofre Mais Nóis Goza ofereceu um “brinde” inédito aos seus foliões, em se tratando de uma festa de carnaval, quando o comum é ouvir-se o frevo, o samba, as marchinhas do passado e, agora, até funk. Durante a concentração no Sábado de Zé Pereira, quem apareceu por lá para dar uma “canja” foi o Maestro Israel de França, pernambucano que reside na Espanha, onde é Regente da Sinfonieta de Granada.
Com seu violino, ele executou Jesus Alegria dos Homens (Bach) e a Nona Sinfonia (de Beethoven). Era todo mundo com celular nas mãos, gravando cena tão incomum no nosso carnaval. Mas não foi só isso não. Depois, com seu violino e a Orquestra Harmonia, que anima a troça da Rua Sete de Setembro, ele deu outros presentes aos foliões: Voltei Recife, Hino do Elefante, Hino da Pitombeira, entre outros. E,claro, Vassourinhas. Vejam o vídeo, em que o Maestro executa a Nona Sinfonia, em pleno carnaval.
Ele chegou com o amigo e advogado Gilberto Marques, que o está hospedando, na praia de Boa Viagem, durante a temporada no Recife. Antes de o músico se apresentar, Gilberto recordou a sua trajetória. Para os que não lembram, Israel foi aquele garoto que, aos 17, foi interceptado pela polícia, quando se dirigia a uma igreja com a mala preta do seu instrumento.
Dois policiais o prenderam, pois achavam que ele tinha roubado o violino. Na delegacia, abriu maleta preta, tirou o violino e tocou Bach para o delegado ouvir. O incidente virou Caso Verdade, na TV Globo. Assim, quase criança, provou quem era e a que veio. No Nóis Sofre, o amigo Gilberto Marques recordou o episódio. “O alvará de soltura foi assinado pelo talento e pela coragem”, ressaltou. Em 2012, ele foi alvo de perseguição racista, na Europa. O caso mobilizou até o Itamaraty.
No sábado, com todo seu virtuosismo, Israel deu show, no Nóis Sofre Mais Nóis Goza, e ainda encontrou velhos colegas dos tempos da Escola do Caranguejo, onde estudava, em Olinda, os dois também músicos. Fez até duelo com eles, no último sábado. Nóis Sofre Mais Nóis Goza só tem a agradecer pela sua presença e pelo momento iluminado que propiciou aos foliões, nesses tempos de tanta música de gosto duvidoso rolando por aí. A troça fez o percurso de sempre, mas com o mesmo pique de antigamente. Foi o máaaaaaaaaaaaaaaaximo. Cheguei em casa esfolada, depois de segurar por quase quatro horas o estandarte. E caí na rede, para descansar. No domingo, praia, que ninguém é de ferro…
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Texto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife
Nota dez para o Nóis Sofre, nota dez para Israel de França, nota dez para o oxerecife!