Todo ano é a mesma coisa. Os foliões do Recife e Olinda se vão, mas as toneladas de lixo ficam. E o que é pior, no meio das ruas. Há locais onde há até lixeiros, como na Rua da Moeda, no centro do Recife, onde um tonel era visto a cada dez passos, para receber latas, garrafas, plásticos. Mas houve dias em que estavam vazios, enquanto o asfalto e a calçadas ficavam cheias de detritos. O que dá tristeza demais. Cadê a educação, meu povo?
Só no Recife, foram geradas 529 toneladas de detritos, entre a sexta e a terça-feira de carnaval. Do lixo todo, no entanto, apenas 31 toneladas de resíduos sólidos foram recolhidos e encaminhados para reciclagem: latinhas, garrafas plásticas, copos, etc. A quantidade não é grande, mas já é 150 por cento maior do que a coleta de recicláveis realizada em 2019, quando apenas doze toneladas – o equivalente a um caminhão – chegaram às cooperativas que trabalham com esse tipo de material. No Recife, além de 1.120 garis da Prefeitura, 531 catadores atuaram na coleta de recicláveis.
O Galo da Madrugada também tomou providências semelhantes, no seu desfile do último sábado, quando 14 toneladas de materiais recicláveis foram retirados do percurso do bloco por 254 catadores, que foram convidados a formar uma ala, no desfile. Foram nove toneladas de latas e cinco de plásticos. Receberam R$ 100 de diária, e R$ 3,50 por quilo de lata (material de cotação mais alta no lixo, pois o plástico para aproveitamento sai a R$ 0,70 o quilo). O material foi enviado para dez cooperativas.
Sinceramente, até que enfim os municípios e também agremiações – como é o caso do Galo – começam a se preocupar com o destino dos resíduos sólidos, deixados pelo carnaval, que somam montanhas de lixo que podem render alguns montes de dinheiro. E para quem mais precisa. A convocação dos catadores tem um efeito triplo: renda para quem vive em situação de vulnerabilidade social, economia com trabalho de garis e benefício para o meio ambiente. Então, viva aos catadores. E viva às instituições que se esforçam por organizá-los, valorizar o seu trabalho e dar, enfim, a visibilidade que merecem ter esses heróis sobreviventes.
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to: LetíciaTexto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Arquivo #OxeRecife e Alice Mafra/ Divulgação/ PMO (2020)