Está cada dia pior, a margem do Rio Capibaribe, que fica na Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, na Jaqueira. Semana passada, postei aqui um apelo para que os moradores daquela área ocupem o terreno no bom sentido, a exemplo do que já ocorreu no Poço da Panela e em Casa Amarela, bairros da Zona Norte, cujos residentes recuperaram terrenos degradados que foram transformados em pontos de convivência. No caso daquela artéria, há condomínios de luxo, hospital, educandários, shopping center, supermercado. Se todos derem as mãos, a coisa muda.
Passei lá hoje, na minha caminhada matinal, e cheguei à conclusão que a cada dia, a situação piora. Há acúmulo de metralhas, lixo doméstico, pedaços de gesso e até mesmo restos de obras públicas, como as que ficaram ali desde que a calçada que margeia o rio foi recuperada. Há ferragens, blocos de concreto, pedaços de meio fio que até hoje não foram retirados. Já está em tempo de alguém fazer alguma coisa. O terreno que ficava atrás do Papa-Capim, nas Graças, também vivia cheio de lixo, um verdadeiro matagal. Depois do Jardim do Baobá, a situação mudou de água para o vinho.
Então, já que a população nada faz e já que o abandono contribui para aumentar a degradação, bem que a Prefeitura poderia lançar mão de recursos de compensação ambiental para recuperar aquele espaço, que fica no caminho do Parque da Jaqueira, para quem vem dos bairros de Casa Forte, Santana, Parnamirim. Quase ao lado da área degradada há um terreno fechado, com uma construção em ruínas e placa de aluga-se. A sugestão do #OxeRecife é que se recupere toda a extensão daquela margem de rio, e que se evite construções no terreno que está para alugar, cercado, mas também cheio de lixo.
O Jardim do Baobá (nas Graças), a Horta de Casa Amarela Saudável e Sustentável (em Casa Amarela) e o Jardim Secreto (no Poço da Panela) mostram que a ocupação e utilização sensata e organizada da sociedade de terrenos baldios evita a degradação. Na própria Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, repito, temos uma prova disso. Bastou um comerciante local colocar ali os seus jarros e plantas, para que ninguém suje a faixa ocupada. Ele não o fez com o objetivo de “sanear” a beira do rio, mas porque as mercadorias não cabiam mais em sua loja. Mesmo assim, prestou um grande serviço. Porque naquela via, a única faixa sem presença de lixo à beira do Capibaribe é justamente a ocupada pelo Lojão das Plantas, que já sofreu pressão para deixar de ocupar o espaço público. Mas no caso, creio que é uma bendita ocupação. Pelas fotos, você vê a diferença de paisagens que vi hoje, no local. Infelizmente, estão bem feias, essas “flores” que vemos nas margens do Capibaribe.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife