Nenhum dos municípios que já elaboraram – cada qual – seu Plano Municipal de Conservação e Recuperação de Mata Atlântica tem área ainda tão extensa daquele bioma quanto o Recife, onde ainda restam 6.400 hectares do patrimônio verde, hoje tão ameaçado. Os números, no entanto, são conflitantes. Em 2015, a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram que ainda restavam 4,4 mil hectares daquela mata na nossa capital, e que isso representaria 20 por cento da vegetação nativa. Mas, dois anos depois, a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Recife informa que a área total de Mata Atlântica, hoje, seria de 6.400 hectares no Recife.
Caso seja mesmo esse território todo, é preciso correr, e muito, para garantir a preservação desse “pulmão”, cada dia mais vulnerável às ocupações irregulares e à especulação imobiliária. Temos exemplos graves de destruição do verde não só no Recife, como em outros municípios da Região Metropolitana (como Paulista e Ipojuca), e da Mata Norte (como Goiana). De acordo com o Atlas dos Município da Mata Atlântica, entre 2000 e 2014, Goiana foi quem mais desmatou (80 hectares) no Estado. O levantamento ocorreu em um período em que Goiana apresentava crescimento, com a chegada de vários empreendimentos industriais. Ou seja, o desenvolvimento nem sempre é sustentável. O Recife ainda não tem seu PMMA. E por esse motivo, não pode ter acesso aos recursos do Fundo de Restauração do Bioma Mata Atlântica. Os planos municipais foram elaborados com a ajuda da Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh).
Isso porque as verbas só são repassadas às Prefeituras que já fizeram o dever de casa, no que diz respeito à Lei 11.428/2006, que estabelece a elaboração do PMMA, para que o município tenha acesso a recursos. Veja as áreas e os respectivos percentuais que restam da Mata Atlântica original nos municípios que fizeram o PMMA (dentro do que estabelece a legislação): Timbaúba, 5.571 hectares (19,73 por cento); Paudalho, 5.607 hectares (20 por cento); Vicência, 1.967 hectares (7,9 por cento); Bonito, 876,51 hectares (33,91 por cento); Glória de Goitá, 864 hectares (quatro por cento); e Carpina, 403 hectares (2,7 por cento). Os seis são candidatos a receberem recursos para preservação daquele bioma, tido como o mais ameaçado do Brasil
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Texto: Letícia Lins / Foto: Cprh/ Divulgação