Vírus da Zika (da microcefalia) também pode ser transmitido por via sexual

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Em tempos de pandemia do coronavírus, muita gente esqueceu um problema grave que eclodiu em 2015, tendo Pernambuco como epicentro. E que provocou uma geração de crianças portadoras de microcefalia, sendo que o Estado foi o mais atingido pela anomalia provocada pela Zika, que espalhou-se via Aedes aegypti. Para os que não lembram, trata-se do mosquito também  vetor da dengue e da chikungunya. ​Cientistas da Fiocruz Pernambuco e da Universidade Estadual do Colorado (dos Estados Unidos), acabam de encontrar evidências científicas da transmissão sexual do vírus da epidemia de Zika. De acordo com a Fiocruz, “a transmissão sexual do vírus da Zika tem papel muito mais importante na epidemia do que se estimava inicialmente”.

Antes, acreditava-se que o vírus só era transmitido pela picada do mosquito.  A pesquisa da Fiocruz é o primeiro estudo brasileiro a chegar àquela conclusão e o segundo no mundo a demonstrar tal evidência.  O estudo mostrou que a transmissão sexual do Zika em áreas endêmicas, associada à transmissão vetorial, pode ter sido um dos fatores responsáveis pela rápida disseminação do vírus nas Américas e em outras regiões afetadas pela pandemia em 2015/2016. Antes do Brasil, Porto Rico já realizara estudo semelhante. Segundo a Fiocruz, outras investigações anteriores haviam comprovado a existência desta forma de transmissão em localidades sem a presença do mosquito vetor, o Aedes aegypti e sem indicar qual a sua relevância na epidemia. “O estudo pernambucano aponta que essa contribuição é significativa”, informa a Fiocruz/PE.

Fiocruz-PE tem importantes contribuições sobre a epidemia da Zika e na causa da microcefalia.

“A via sexual não parece ser unicamente responsável pelo contágio sustentado do Zika, mas associada à transmissão pelo mosquito pode contribuir significativamente para a disseminação eficiente do vírus”, explica a pesquisadora Tereza Magalhães (CSU e Fiocruz PE), que coordenou o projeto, ao lado dos pesquisadores Ernesto Marques (Fiocruz PE e Universidade de Pittsburgh, EUA) e Brian Foy (CSU). O trabalho foi realizado em colaboração com o pesquisador da Universidade de Heidelberg (Alemanha) e CSU, Thomas Jaenisch. Para a investigação, foram convidados os participantes de pesquisa anterior (denominados index), seus parceiros sexuais e até mais dois moradores da mesma residência, formando um conjunto de 425 pessoas. O objetivo foi comparar, através de sorologia, a exposição prévia dos participantes aos vírus Zika e chikungunya (a Zika foi identificada em Pernambuco como causa do nascimento de crianças portadoras de microcefalia, como a da foto).

A hipótese investigada pelos pesquisadores era que a exposição ao Zika seria maior entre os parceiros sexuais, já que esse vírus é transmitido por sexo e pela picada do mosquito. A comparação com o chikungunya foi muito importante no estudo já que não é transmitido sexualmente (somente pela picada do mosquito). Os resultados apontaram que, no caso do Zika, o risco de ter sido exposto ao vírus foi significativamente maior (risco relativo de 3.9) para o parceiro sexual do que para o morador no mesmo espaço que não era parceiro sexual (risco relativo de 1.2). Para chikungunya, utilizado nessa pesquisa como “controle”, o resultado foi bem diferente e o risco se mostrou igual para todos os moradores (parceiros sexuais ou não; risco relativo de 2-2.5). Na segunda parte das análises, os pares sexuais das residências tiveram uma maior probabilidade de terem sorologia concordante para o Zika do que os pares sem relação sexual, fato que não foi observado com o grupo chikungunya.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Fiocruz / Divulgação e Mães de Anjos / Acervo #OxeRecife

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