Para alguns, “o” mito. Para outros, uma besta-fera. Um mito que nunca foi, nunca será e que foi artificialmente construído na cabeça daqueles que acreditaram, acreditam ou deixaram de acreditar. Com a popularidade em queda livre, várias derrotas no poder legislativo e no judiciário, filhos investigados por fake news e “rachadinhas”, e sem conseguir, sequer, maioria para ganhar um título de cidadão em um município pernambucano, o Presidente Jair Bolsonaro é esperado em Pernambuco, hoje, para uma visita de dois dias.
Nesta semana, a Câmara Municipal de Vitória de Santo Antão rejeitou por 13 votos contra três a entrega de título de cidadão ao Presidente. Ele desembarca, logo mais – por volta de 13h40m – no Aeroporto da Base Militar, no Recife, depois de ter passado na Bahia, onde – para variar – participou de eventos sem usar a máscara de proteção recomendada por autoridades sanitárias nesses tempos de pandemia. Em Tanhaçu, naquele estado, ele voltou a criticar seus desafetos do poder judiciário. Mesmo sem que ele cite nomes, todo mundo entendeu o seu recado, ao afirmar que se “alguém jogar fora” o que ele considera “as quatro linhas da Constituição”, poderá “fazer o mesmo”. E completou: “Não admitimos que uma ou duas pessoas, usando da força do poder, queiram dar outro rumo ao país”.
As pesquisas de opinião, no entanto, já mostram que é o povo que quer dar outro rumo ao país. Um país sem gabinete de ódio, sem disseminação de fake news, sem negacionismo, com justiça social, sem tantas agressões à natureza. Um país de paz e não de atitudes que beiram a beligerância. Enfim, o Brasil precisa de um estadista. E não de um “mito” fabricado em processo de autofagia. Bozó chega a Pernambuco com a primeira dama Michelle Bolsonaro. Ele visita o Depósito de Suprimentos do Exército, no bairro do Cabanga, onde – de acordo com a agenda – participa de “ação social”, ao inaugurar um centro de aprendizagem de fabricação de instrumentos musicais. Será a Escola de Formação de Luthier e Archetier da Orquestra Criança Cidadã.
Depois, ele ouvirá uma apresentação da Orquestra . Em seguida, vai para o Mar Hotel, que fica próximo ao Aeroporto, para se encontrar com empresários e apoiadores. Mas à noite ele se desloca para o bairro do Curado, Zona Oeste, para participar da posse do novo comandante militar do Nordeste, General Ricardo Fernandes Nunes. Ele pernoitaria no Quartel. Na manhã do sábado, o visitante segue de helicóptero para Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, único município onde teve maioria na eleição presidencial. A concentração será na frente do Moda Center, maior local de comercialização de confecções do município, a 192 quilômetros do Recife.
Ali, Bolsonaro comanda um desfile de motos, que passará, também por Toritama e Caruaru. A distância entre Santa Cruz do Capibaribe é Caruaru é de 55 quilômetros, por estradas bastante movimentadas, devido ao comércio popular de roupas do chamado Polo de Confecções. Imaginem só o caos que a área não ficará. Resta saber o que, de fato, justifica o real motivo do Presidente ao Estado. Vai inaugurar o quê? Vistoriar obras onde? Mostrar o quê? Vamos aguardar. Veio fazer campanha ou conspirar? Ou os dois? Para o Presidente e seus apoiadores – como aparece nessa foto que circula nas redes sociais dos seus seguidores – todas as pessoas que não concordam com ele são “canalhas”. Ou “esquerdopatas”., como costumam chamar os que discordam do Governo. “Liberdade de imprensa” é fake news e “liberdade de expressão” é usar as redes sociais para ameaças às instituições democráticas, como aquelas que levou à cadeia à cadeia aliados seus, como Roberto Jefferson (Presidente do PTB) e Roberto Silveira (Deputado federal). Nas ruas, a população começa a usar os muros para se manifestar.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Redes Sociais