Festa do Morro: Crise sanitária não abala fé e romeiros pedem “saúde”

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Há estudos que identificam as necessidades do povo pela observação dos romeiros, a partir dos ex-votos com os quais pagam suas promessas. Se há muitas cabeças aos pés de um santo protetor, é porque a comunidade não está psicologicamente bem. Esculturas de imóveis indicam o sonho da casa própria. Pernas ou pés geralmente mostram a cura de problemas ortopédicos. Animais depositados aos pés dos santos mostram que há alguma doença no rebanho. Ou a cura dela. Em tempos de pandemia, já dá para se imaginar o que rolou nessa quarta-feira, em graças alcançadas, no Santuário do Morro de Nossa Senhora da Conceição, que deve ser visitado hoje por cerca de 400 mil pessoas.

Tinha gente agradecendo a cura da Covid-19 em membros da família que foram contaminados pelo coronavírus. Havia outras que subiram o morro para retribuir à Nossa Senhora da Conceição o fato de ter passado imune à pandemia. Foi o caso de Sônia Maria dos Santos que, durante sete anos, subirá a ladeira do Morro vestida de azul ao lado da neta, Lívia Isabela, que nasceu durante o auge da pandemia. “Ela nasceu em maio de 2020 e o medo da família era muito grande. Felizmente ninguém pegou a doença na Maternidade, graças a Deus e à Santa”, comemora Sônia, que foi ao Morro ao lado da filha, Lívia Taveira. Ela contou que o temor da família era que alguém contraísse o coronavírus no hospital durante o parto da menina. Bárbara Camilo Cordeiro também engravidou na pandemia, e foi ao pé da Santa agradecer a saúde nesses tempos de crise sanitária tão  pesada.

A dona de casa Maria José Fernandes veio do Agreste para agradecer a cura de uma tia idosa que livrou-se da Covid-19. “A dela foi muito séria, só Nossa Senhora mesmo e a nossa fé para conseguir a cura”. Eram muitas as pessoas de azul, às vezes famílias inteiras, que subiram o morro só para agradecer “pela saúde”. José Paulo Araújo, autônomo, só  o fato de estar com saúde. “No meio de uma pandemia, podemos dizer que somos sobreviventes. Mas quero pedir que essa doença acabe logo para nossa vida se normalizar”. Já Eliane Gomes, moradora de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife tinha outra gratidão. Com um tijolo na cabeça, ela foi ao Morro pagar promessa por ter conseguido realização do sonho de ter conseguido a casa própria. “Foi uma luta de três anos, até conseguir”, conta equilibrando o peso na cabeça.

Muito venerada no Recife, Nossa Senhora da Conceição chega a ser confundida como Padroeira da cidade, quando a verdadeira padroeira é Nossa Senhora do Carmo, comemorada no mês de julho. Mas os fiéis consideram a primeira como “padroeira afetiva”, e é por isso que sua festa atrai tantos romeiros ao mais conhecido alto da Zona Norte. “Hoje é dia 8 de dezembro, Dia de Nossa Senhora da Conceição, nossa padroeira afetiva, fiz questão de, logo cedo, subir o morro e agradecer. Agradecer pela proteção nessa caminhada e pedir muita saúde para o Recife, para que a gente possa ter todo recifense com saúde e proteção para atravessar mais um ano com fé no coração, com paz, com amor e com cabeça erguida. Que nossa Senhora da Conceição siga nos protegendo, nos guiando e nos iluminando”, afirmou o Prefeito João Campos (PSB).

Ele foi logo cedo prestigiar a 117ª Festa de Nossa Senhora da Conceição do Morro. Devido à pandemia, o cortejo a pé que tradicionalmente ocorre na  tarde e 8 de dezembro não ocorrerá.  Mas o percurso não deixará de ser realizado, porém em carreata de encerramento, conduzindo a imagem da Santa para o Santuário. A concentração começa  às 15h, e saída ocorre às 16h, do edifício-sede da Prefeitura da Cidade do Recife com destino à Praça do Morro da Conceição. Lá, haverá a Solene Celebração de Encerramento da Festa. Abaixo, você confere outras informações sobre a Festa.

Veja o vídeo durante uma das missas da Festa:

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins (#OxeRecife) e Diego Nigro (Divulgação/ PCR)
Vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife

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