Todo mundo sabe que eu amo as árvores. Minha paixão vem desde os tempos de criança. Cada tronco cortado que vejo nas ruas, representa uma lágrima – muito dolorida – no meu coração. Por esse motivo, fiquei muito triste quando derrubaram o fícus elástico que existia na esquina da Rua da Aurora, na cabeceira da Ponte Santa Isabel. A árvore já estava integrada à paisagem do centro. À margem do Rio Capibaribe, conferia identidade a uma esquina tão movimentada, sombreando a estátua do poeta João Cabral de Melo Neto. Sua erradicação gerou muitos protestos, aqui no #OxeRecife. Todo mundo lamentou. Teve gente que até chorou, quando viu aquele monstro imponente, caído no chão. Foi tristeza demais.
O fícus é uma bela árvore. Mas não é nativa, tem origem na Ásia. E não é adequada para áreas pequenas, pois suas raízes são fortes, espalham-se como tentáculos poderosos e terminam destruindo muros, casas, tubulações, calçadas, levantando o asfalto. É a força da natureza, exigindo o direito ao seu espaço. Há alguns dias, andando com o Grupo Caminhadas Domingueiras, percebi o tamanho do problema que a espécie exótica pode representar para os equipamentos urbanos. Olhem só aquela foto lá em cima. A árvore é linda, mas realmente não é adequada para espaços apertados. Veja como suas raízes parecem um gigantesco ninho de cobras. Ela fica na Rua do Hospício, em frente ao Hospital do Exército. E parece já estar insatisfeita com o canteiro a ela destinado. Por esse motivo, é muito importante que os recifenses não plantem árvores nas ruas sem consultar os órgãos ambientais. Cada espécie tem que estar no seu devido lugar.

Perguntei à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade porque, então, há tantos fícus nas ruas do Recife. “Falta de planejamento”, segundo a Smas. “As árvores necessitam de espaço para o desenvolvimento adequado do sistema radicular. Algumas espécies não são adequadas ao plantio em passeios públicos, por terem porte grande, raiz agressiva e pouco espaço disponível nas calçadas na área da superfície ou em profundidade”, informa em nota enviada ao #OxeRecife. “Quanto menor a largura da calçada maior é o levantamento pesado do pavimento, sendo superficial pode causar a queda da árvore”.
Curioso é que, em certos casos, as raízes não se controlam nem na árvore, começam a subir pelo seu tronco e galhos, como tentáculos gigantescos. É o que se observa, por exemplo, na Praça dos Cachorros, na Jaqueira. “Ocorre, também o afloramento das raízes aéreas da espécie Ficus benjamin. Além do mais, “essa espécie possui sistema radicular agressivo e provoca diversos problemas nos mais variados “, até mesmo em pavimentos. E quando há muitas raízes bem desenvolvidas, o caule pode até desaparecer, ficando a copa totalmente escorada nas próprias raízes. “O mais conveniente é evitar o plantio de Fiícus e substituir de forma gradativa os indivíduos dos locais com pouco espaço, plantando árvores adequada ao espaço em questão”, informa a Smas. Vamos deixá-los em praças e parques, em locais que não provoquem danos. Admiro demais essa árvore, sua majestade. É poderosa, potente e sua imponência é o retrato da força da natureza. Não vamos persegui-las, pois são lindas. Mas plantemos, se for o caso, bem longe de muros, paredes, cisternas, porque a força da natureza é muito mais poderosa do que qualquer “raiz” de cal e pedra.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife