Oxente, Arcoverde está é chique. Ganhou um cinemão no centro. Ao contrário do Recife, que perdeu seus cinemas de rua, como o Art Palácio, o Moderno, o Trianon, Coliseu, Albatroz, Rivoli e, mais recentemente, o Astor e o Ritz. Pois naquela cidade sertaneja – a 259 quilômetros do Recife – o Cine Rio Branco acaba de ser restaurado. Para os que não sabem, o Rio Branco tem exatamente cem anos. Não estranharia se alguém me dissesse que o lendário Lampião, que era louco por cinema, tenha sentado em suas poltronas.
Segundo o Secretário Executivo de Cultura de Arcoverde, o Cinema não precisava apenas de reforma física, mas sobretudo de substituição dos equipamentos que estavam “totalmente obsoletos”, e foram substituídos por outros para projeção digital que chegou para ficar e que, no século 21, avança cada vez mais em substituição aos tradicionais 35 milímetros, ainda vigentes até o final do século passado.
De acordo com a Prefeitura de Arcoverde, a Secretaria de Cultura de Pernambuco e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco se comprometeram a manter assessoria técnica na gestão do Rio Branco por três anos, o que é muito bom. Melhor ainda, a parceria prevê ações em conjunto com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que mantém dois cinemas: o do Museu (em funcionamento) e o da Fundação (em reforma).
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Um funciona no bairro de Casa Forte e o segundo fica no Derby. Ambos são famosos pela excelência da programação. Pois vejam que maravillha, o Festival Varilux de Cinema Francês – que a cada ano ganha ampliação em escala nacional – acaba de chegar a Arcoverde. O Varilux tem presença em 55 cidades, em 2017. E incluiu Arcoverde no roteiro. Hoje, o primeiro longa metragem a ser exibido vai ser Frantz, de François Ozon. O início da sessão será às 20h. Os filmes do festival a serem exibidos serão todos legendados. O Festival só se encerra lá no dia 20 de junho, com a Viagem de Fanny. Os preços são convidativos: R$ 10 e R$ 5.

Passou-se o tempo que cinema de interior só exibia filme de cowboy ou de Mazzaropi. Falar em Mazzaropi, recomendaria um filme antológico para o Cine Rio Branco. Ele mostra a saga do caipiria Quinzinho (majestosamente interpretado por Mateus Nachtergaele), que cai na estrada procurando um cinema (sem saber exatamente em que lugar) para realizar o sonho de mostrar ao filho um filme de Mazzaropi. A viagem se transforma em uma aventura, mas o matutinho termina virando celebridade com direito a um tapete vermelho, por conta do seu surpreendente “calvário” em busca de um filme. Taí uma sugestão. Que tal exibir Tapete Vermelho no Rio Branco? Tenho certeza que todo sertanejo ia achar o maxiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimo.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação