Com história consolidada no Rio de Janeiro – onde acontece há 14 anos e já rendeu premiações aos seus criadores – a Festa Literária das Periferias (Flup) chega a Pernambuco, onde ocorre entre os dias 10 e 14 de setembro, no Compaz Eduardo Campos, que fica no Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife. O encontro tem acesso gratuito, e o tema é “Saberes conectados: negritude em todos os espaços”. Não é à toa, portanto, que o homenageado da primeira edição do evento no estado seja Solano Trindade (1908-1974), poeta pernambucano e ativista do movimento negro. Liberto Solano (filho do poeta, foto acima), estará presente na festa de abertura da Flup. Nesta semana, junto com a companheira Nilu Strang, ele visitou um colégio público que homenageia o seu pai.
A Flup reunirá autores, intelectuais, artistas, lideranças religiosas e pensadores do Brasil para debater ideias que emergem das periferias, tanto geográficas quanto simbólicas. Será promovida uma série de mesas temáticas sobre ancestralidade, arte, literatura, religiosidade, juventude, feminismos, política e direitos. Tudo isso debatido sob um olhar diverso e plural, valorizando saberes, pensamentos e produção de conhecimento de populações negras, periféricas e “grupos historicamente excluídos, em um Brasil marcado pelo ranço escravagista, privilégios hereditários e cruel concentração de riquezas”, de acordo com os organizadores.

A Festa Literária será realizada em diálogo com escolas, bibliotecas, espaços comunitários e movimentos culturais, reafirmando o compromisso da Flup com a descentralização e democratização do conhecimento, o incentivo à leitura e à criação literária. “A Flup não é apenas um evento – é processo, plataforma de pensamento, conexões e incubação de talentos antes em situação de invisibilidade. Sempre culmina em um grande encontro, que será o ponto de largada desse movimento de troca de expertises”, diz Tarciana Portella, coordenadora da Flup Pernambuco e cofundadora do Instituto Delta Zero para o Desenvolvimento da Economia Criativa.
O Instituto Delta Zero, do Recife, é o responsável pela realização da Flup Pernambuco, através de parceria com a Flup (RJ), por meio da produtora Suave e da Associação Na Nave, que promovem o evento no Rio de Janeiro. A Suave é de Júlio Ludemir, escritor e gestor cultural de Pernambuco, que vem a ser o idealizador da Flup/RJ. Emendas parlamentares do deputado Renildo Calheiros e do senador Humberto Costa, por meio do Ministério da Cultura, viabilizaram o evento no Recife, onde conta com apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria de Cidadania e Cultura de Paz e do Compaz Eduardo Campos. A Flup PE conta também com patrocínio do Banco do Nordeste (BNB).
Entre os convidados que participam da Flup estão Cannibal, Mãe Beth de Oxum, Inaldete Pinheiro, Odailta Alves, Caio do Cordel, Esmeralda Ribeiro, Pai Ivo, Pai Lívio, Isaar, Itamar Vieira, autor do best seller “Torto Arado“. Itamar fala às 20h da sexta-feira, 12 de setembro. Também no Compaz, onde ocorre todo o encontro. No Serviço, você confere a programação do primeiro dia da Flup. E, nos links, mais informações sobre cultura periférica e negra.
No decorrer da semana, o #OxeRecife irá informando aos leitores das datas seguintes.

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No Serviço, você confere a programação do primeiro dia da Flup. No decorrer da semana, o #OxeRecife irá informando aos leitores das datas seguintes
Serviço
O que: Festa Literária das Periferias de Pernambuco
Quando: de 10 a 14 de setembro
Horário: 14h às 21h30
Onde: Compaz Eduardo Campos
Endereço: Rua Aníbal Benóvolo, S/N, Alto Santa Terezinha
Quanto: acesso gratuito
Obs: todos os dias haverá feira de livro e espaço gastronômico
Programação da Flup, quarta-feira, 10 de setembro
15h – “Nós que somos Solano Trindade”, com Liberto Solano Trindade e Nilu Strang. A ação contará com a participação de Liberto Solano Trindade, filho de Solano Trindade e Margarida Trindade, que irá compartilhar relatos sobre a trajetória artística e a relevância cultural de ambos. Em seguida, Nilu Strang apresentará um cordel sobre Margarida Trindade, destacando seu papel na arte e na resistência cultural afro-brasileira.
17h – Sarau Versos e Raízes – Apresentação musical (à capela) com Ana Benedita
18h30 – Cerimonial de abertura
19h – Mesa: Sabemos a direção? Como resgatar a juventude negra, com Bianca Santana, Jessé Souza; Mediação: Jéssica Santos
20h30 – Lançamento de livros de Jessé Souza, Bianca Santana e Jéssica Santos
Ementa: O Brasil é um país de maioria negra: no Censo 2022, 56% da população se autodeclarou preta ou parda, indicando maior reconhecimento identitário. Apesar disso, parte da juventude negra parece se distanciar de pautas e lutas históricas. É urgente falar de políticas públicas, cotas e ações afirmativas, ocupação de espaços de decisão e redução das desigualdades sociais — tudo em meio a uma realidade que historicamente vulnerabiliza essa juventude. O debate reunirá o sociólogo e escritor Jessé Souza, referência nos estudos sobre desigualdade no Brasil, e Bianca Santana, escritora, jornalista e importante voz do feminismo negro. Mediação será de Jéssica Santos, educadora em Direitos Humanos, militante da juventude negra e integrante da rede Mulheres Negras Decidem.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Flup e Prefeitura do Recife
