Fé, humildade e ritual do fogo na Caminhada de Santo Amaro

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Se a Europa tem o “Caminho de Santiago”, roteiro de peregrinos que ocorre desde o século 11, Pernambuco possui, também, seu roteiro de fé, superação e disciplina. É o “Caminho de Santo Amaro”, cuja décima primeira versão se encerra na próxima quarta-feira, na cidade de Taquaritinga do Norte, que fica a 164 quilômetros do Recife. Ao todo, são 81 pessoas, que caíram na estrada desde o último dia 6 de janeiro. Elas estão fazendo, a pé, um trajeto de 170 quilômetros. Os peregrinos saíram da Igreja Matriz de Santo Amaro, em Jaboatão dos Guararapes – que fica na Região Metropolitana do Recife – e de lá seguiram para a Igreja Matriz de Santo Amaro, na Praça dos Eucaliptos, em Taquaritinga. “A proposta é fazer com que os religiosos vivam a simplicidade, a humildade e a fraternidade, com paradas noturnas para reflexão”, informa nota distribuída pelo grupo.

Esse ano, pela primeira vez há um monge entre os peregrinos. É Dom Mauro Roberto, do Mosteiro de São Bento, de Garanhuns. Ao longo do percurso, ele vem celebrando missas e pregando a liturgia da palavra. Durante a caminhada, há paradas em cidades como Carpina, Limoeiro e Bom Jardim, onde eles estão, nessa segunda-feira, com pausa estratégica para liturgia da palavra e bênção para os peregrinos. Amanhã, na mesma cidade, está programada uma procissão luminosa, que sairá de frente da Igreja Nossa Senhora de Santana. Segundo um dos peregrinos, Nilton Curvelo, todos os dias há rituais para o grupo. “Em Carpina, por exemplo, nosso ritual foi de simplicidade, pois todos dormiram no chão. Também fizemos um ritual de humildade, com cerimônia de lava-pés. Em Limoeiro, vivenciamos a penitência, o silêncio e o perdão. Aqui em Bom Jardim, vivenciados a liturgia da palavra, e faremos a procissão das luzes”, relata.

Ainda em Bom Jardim, os participantes serão convidados a recolher uma pedra do caminho, leve, fácil de manusear, e usá-la como símbolo próprio. Nela, os fiéis vão depositar seus lamentos, sofrimentos, conquistas e alegrias. Já no destino, a simbologia vai tomar forma quando o objeto for entregue à Cruz do Peregrino de Santo Amaro, na Serra da Taquara. Entre os rituais mais significativos desse caminho, se destaca o ritual do fogo. A atitude consiste na queima de uma peça de roupa da bagagem para representar a vitória sobre as dificuldades e o despojamento de antigos hábitos, dando início a uma nova vida a partir desta caminhada. O ato representa a ressurreição das cinzas, como a ave fênix e acontece na noite que antecede o último dia de caminhada, já na cidade de Surubim, segundo informam os peregrinos. A etapa final acontece na quarta-feira (11), quando os caminhantes chegam em Taquaritinga do Norte. Serão recebidos com uma missa, na matriz do município. Em seguida eles recebem uma benção do pároco da cidade, além da Santamarana, o documento atestando a missão cumprida.

(Texto: Letícia Lins / #OxeRecife)

(Foto : Divulgação / Caminhada de Santo Amaro)

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