Após percorrer cinco estados e atrair nada menos de 80 mil visitantes (de forma presencial) e 180 mil outros (no mundo virtual), a exposição “Vidas em Cordel” chega a Pernambuco e abre na noite dessa sexta-feira (15/8) no Centro Cultural Cais do Sertão, que fica no bairro do Recife. A mostra fica em cartaz até dezembro, com acesso gratuito. E tem tudo para atrair o pernambucano, já que a cultura do cordel ainda é muito forte no nosso Estado. A expô é promovida pelo Museu da Pessoa e chama a atenção por uma curiosidade: o uso dos versos da literatura popular e da xilogravura para retratar indivíduos célebres ou anônimos que, de certa forma, representam a pluralidade de nossa cultura e também o modo de ser do brasileiro.
As obras ocupam a sala Todo Gonzaga, no 2ª andar do Cais do Sertão e ficam acessíveis ao público gratuitamente até 15 de dezembro, com visitas das 10h às 16h (terça a sexta) e das 11h às 17h (sábados e domingos). Além do conjunto de histórias anteriormente retratadas – como Ailton Krenak, com “O Rio da Memória”, e Krystyna Drosdowicz, com “A Guerrilheira que Enganou os Nazistas” – a edição local adiciona quatro expoentes de Pernambuco. São eles: Paulo Freire (1921-1997), educador patrono da educação brasileira; Di Melo, músico, poeta, compositor, cantor e escultor; Ana Lúcia do Coco, coquista e patrimônio vivo; e ainda Aninha Ferraz, produtora cultural e criadora da Editora Coqueiro.
Tem mais. O quarteto ostenta histórias de vida transformadas em cordel pelas palavras de um grupo de artistas com relevo junto à literatura popular, todos eles pernambucanos: Jorge Filó (poeta), Susana Morais (cordelista), Isabelly Moreira (poetisa). Eles são acompanhados por Marco Haurélio e Jonas Samaúma, ambos do trio de curadores da mostra. As xilogravuras são assinadas por Edna da Silva (artesã), por Catarina Dantas (oficineira), por Jô Oliveira (artista plástico e ícone dos quadrinhos), Valdeck de Garanhuns (multiartista). E ainda Lucélia Borges (xilogravadora, pesquisadora em cultura popular e curadora da exposição).

Ao time de artistas locais se junta a dezena de colegas de outros pontos do país integrados à exposição em dois anos de itinerância – completados agora, com a edição em Pernambuco. A mostra já passou por Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. As obras expostas presencialmente também podem ser acessadas ao lado de conteúdos exclusivos pela internet – pelo endereço memo.museudapessoa.org/vidas-em-cordel. A página disponibiliza informações complementares sobre os personagens retratados e proporciona uma experiência de contemplação distinta. “Vidas em cordel” apresenta as histórias em grandes painéis ilustrados pelas xilogravuras acompanhadas de minibiografias e textos sobre a arte do cordel.
A exposição tem distribuição gratuita de cordéis, oferece QR Codes com propostas interativas, reserva espaço “instagramável” para postagem de fotos nas redes sociais e conta com cabine de gravação para registro das histórias dos visitantes – instantaneamente integradas ao acervo do Museu da Pessoa. Quem ceder a própria narrativa recebe cartela de adesivos automáticos e um cartaz exclusivo. A programação distribuída em quatro meses engloba atividades educativas e culturais, visitas-guiadas, aulas-espetáculo, apresentações musicais e ações destinadas a cativar o público junto às histórias e às linguagens artísticas envolvidas. Também serão ofertadas oficinas.
A primeira oficina oferecida pela exposição e aberta ao público será “História Gravada”, no dia 16, das 13h às 16h, ministrada por Lucélia Borges. A atividade propõe uma introdução à técnica milenar de criação e reprodução de imagem na madeira – a xilogravura -, com foco na imagética dos contos da tradição oral e elementos que dialogam com o imaginário presente nas histórias de vidas da exposição. Serão trabalhados aspectos da história da xilo, manuseio das ferramentas e processo criativo. Voltada para o público em geral, a partir dos 14 anos de idade, com inscrições por formulário disponibilizado na bilheteria do Cais.
“Toda história de vida importa e todas as histórias são verdadeiros patrimônios da humanidade, já que são únicas e insubstituíveis. Da mesma forma, a literatura de cordel é reconhecida patrimônio imaterial. A ideia de juntar as duas coisas é mostrar não só que a história de cada um de nós poderia ser retratada numa obra literária – é mágica, por mais cotidiana que seja – como também encarar a ideia de que a literatura de cordel é tão valiosa como outras formas de literatura, e não uma literatura menor, assim como as histórias de vida não podem ser vistas como menos importantes que uma história oficial”, observa o diretor de museologia do Museu da Pessoa, Lucas Lara.
Na internet é possível fazer o download gratuito do livreto “Vidas em Cordel para Educadores”, material educativo para subsidiar atividades pedagógicas de professores sobre as histórias de vida dos brasileiros e da literatura de cordel. O site também mantém uma conexão com as redes sociais para permitir a visualização de postagens de visitantes da exposição e contém uma playlist selecionada pelos curadores – além de informações sobre a itinerância da mostra pelo Brasil. Pernambuco também está contemplado com a narração de um podcast pelo escritor recifense Marcelino Freire e pelo poeta cearense Klévisson Viana de histórias cordelizadas pela exposição. “Vidas em Cordel” conta com patrocínio oficial da Petrobrás.
Nos links abaixo, mais informações sobre cordel, xilogravura, artistas como J.Borges e Samico.
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Serviço
O que: “Vidas em Cordel”, do Museu da Pessoa
Quando: de 15 de agosto* a 15 de dezembro, com visitação das 10h às 16h (de terça a sexta) e das 11h às 17h (sábados e domingos)
*lançamento é às 14h do dia 15 e aberto ao público
Onde: Centro Cultural Cais do Sertão (Avenida Alfredo Lisboa, s/n, Recife Antigo)
Quanto: acesso gratuito
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação

Maravilhosa exposição!
Ansiosa pra ver.