É revoltante a desfaçatez com que os cidadãos postam seus pássaros de “estimação” nas redes sociais. São papagaios, canários, periquitos, araras, alguns tão bebês, que a pele se apresenta sem penas e quase transparente. Dá dor no coração só de olhar. Ao invés da liberdade a que têm direito, essas aves encontram-se em cativeiro, transitando sobre mesas, camas, pias de cozinha, tampas de privadas, quando deveriam estar livres voando no meio da natureza. Como se sabe, as aves estão entre os animais silvestres mais cobiçados pelo tráfico de animais. E, assim, elas vão sumindo. No Brasil, esse descalabro não é exceção.
Por esse motivo, o #OxeRecife faz questão de registrar a reintrodução de aves à natureza, seja em Pernambuco, na Amazônia ou em outra região do Brasil. Em Pernambuco, temos o belíssimo projeto Papagaio da Caatinga, que tenta repovoar o Sertão com uma ave ameaçada, e que as pessoas teimam em ter em casa porque o bicho é comunicativo, aprende a falar e interage com os humanos numa boa. Mas não é assim. Lugar de papagaio é na natureza. A notícia de reintrodução mais recente chega do Projeto de Soltura do Mutum-de-Penacho (Crax fasciolata), que é ameaçado de extinção. A iniciativa é da Auren Energia, que acaba de reintegrar 20 aves da espécie na área de influência da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Mota (em Porto Primavera). A ação faz parte da segunda etapa do programa da empresa para a conservação da biodiversidade na área de influência da Hidrelétrica, que fica no distrito de Porto Primavera, localizado no município de Rosana, a 746 quilômetros da capital de São Paulo.
Ao todo, 40 aves já foram liberadas pelo projeto. Esta etapa foi iniciada em dezembro do ano passado, quando os 20 indivíduos foram transferidas do Centro de Conservação de Aves Silvestres (CCAS), da Usina Hidrelétrica de Paraibuna, no Vale do Paraíba (SP), para os viveiros, onde receberam equipamentos radiotransmissores no dorso e acompanhamento constante pelas equipes técnicas. Após 30 dias, período de adaptação, foi realizada a soltura branda, processo em que as portas dos viveiros são abertas e as aves continuaram recebendo alimentação dos tratadores. Os alimentos são escondidos na mata para incentivar a integração das aves ao ambiente, até que o viveiro seja por fim fechado. É,porque a volta do convívio à natureza exige cuidados com a adaptação.
“Com essa soltura, estamos fechando com chave de ouro esse projeto que foi iniciado há duas décadas, quando cerca de 40 aves foram resgatadas das áreas de formação do reservatório de Porto Primavera e levadas para o centro de conservação da companhia, um dos poucos do país a realizar a reprodução dos mutuns em cativeiro, ave ameaçada de extinção em diversas regiões do país”, ressalta André Rocha, gerente de Sustentabilidade e Operações da empresa. De acordo com o gestor, o projeto de soltura dos mutuns da CESP foi um dos dez projetos voltados para a conservação ambiental selecionados em todo o país para participar de Fórum de Programas de Fauna do Licenciamento Ambiental Federal, realizado pelo IBAMA (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), no fim do ano passado.
Com cerca de 60 centímetros de altura e pesando de 2,5 a 3 quilos, o mutum-de-penacho é um conhecido e excelente dispersor de sementes. Como se trata de um animal de solo – ele sobe em árvores somente para dormir -, o mutum se alimenta de pequenos insetos e de sementes de árvores, o que ajuda a disseminá-las pela região e contribuir para o processo natural de reflorestamento e conservação da flora. Com a soltura dos 20 indivíduos restantes, a companhia encerra parte do projeto, completando 40 aves reintegradas à natureza. O monitoramento das aves deve ser mantido pelo período de dois anos, através de telemetria por radiotransmissores e registros fotográficos de câmeras trap (armadilhas fotográficas), posicionadas em locais estratégicos. Paralelamente ao monitoramento, o projeto prevê ainda uma série de ações de conscientização, educação ambiental sobre os mutuns e fomento a ações de reflorestamento em áreas de preservação nas comunidades vizinhas às unidades de conservação da companhia.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulg
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Luciano Crasivan / Divulgação