A pandemia impôs o marasmo e teatros, circos, cinemas. Concertos, espetáculos de dança, encenações, nem pensar. Com o isolamento social, palco e plateia ao vivo viraram um sonho distante,que ninguém sabe quando vai se concretizar. Porém o setor cultural está fervilhando sim, embora no mundo virtual. No domingo, será lançado o espetáculo Entranhas Marcas. Antes, algumas lives para discussão. A julgar pelas fotos, o espetáculo deve ter um visual interessante. Como interessante á a proposta do grupo responsável pela encenação. Ou seja, discutir as marcas da violência incitada pelo sistema patriarcal e colonial, “que historicamente silencia, invisibiliza, fragmenta e poda o movimento das mulheres em suas mais intrínsecas relações sociais, políticas e afetivas”.
O espetáculo resulta de discussões entre um grupo de mulheres dançarinas. Anote aí, para não perder. Será às 20h do dia 11 de abril, na plataforma digital Vimeo. O Entranhas Marcas tem 20 minutos de duração e acesso aberto ao público. Após a exibição do curta, às 20h30, haverá uma live em formato de debate entre as realizadoras no Instagram @entranhas.marcas, quando a plateia virtual poderá interagir enviando comentários e perguntas. Com direção colaborativa e criação conjunta, o elenco é composto pelas dançarinas e performers Drica Ayub, Isabela Severi e Silvia Góes. A direção de fotografia/filmagem é de Flora Negri; e a trilha tem assinatura de Conrado Falbo. O projeto conta com o apoio da Lei Aldir Blanc no Edital de Criação, Fruição e Difusão LAB PE. O espetáculo mostra não só cicatrizes no corpo-mulher, mas também as profundas feridas impostas à fêmea Mãe Terra.

Há tempos, vivemos uma conjuntura extremamente violenta, principalmente para nós mulheres, que muito se acentua com a pandemia e o contexto político. A cultura machista com sua lógica hegemônica e homogeneizante, nos rasga muitas cicatrizes que são riscadas nos corpos físico, emocional, mental e também espiritual”, contextualiza Drica Ayub. “Assim como nossos corpos, a Terra sofre há centenas de anos a agressão humana registrada em escaras profundas em sua paisagem e dinâmica. É verdade que nossas marcas nos compõem, porém a ameaça à vida pode estagnar o seu fluxo e nos congelar; paralisar o que necessita de movimento para seguir e evoluir”, complementa Isabela Severi. “Mesmo isoladas, é urgente penetrarmos a essência criadora e potente que em nós habita a partir do movimento inerente da alma-corpo, restaurar o fluxo natural da vida para sermos capazes de sonharmos e criarmos futuros melhores e mais bonitos”, conclui Silvia Góes.
Algumas das cenas foram gravadas na praia, à beira-mar. Em outra, corpos nus aparecem no solo esturricado, lembrando a seca do Sertão. O lançamento de Entranhas Marcas será precedido de lives. Na quinta-feira anterior (08/04), também às 20h, as dançarinas farão uma live pelo perfil do Instagram @entranhas.marcas e pelos seus perfis pessoais (@isabelaseveri, @drica.ayub e @silvinha_goes) com algumas convidadas (Gabi Holanda, Duda Freire e outras) para conversar a respeito da temática arte-ambiente-corpo. Já no sábado que antecederá o lançamento (10/04), às 20h, as artistas abrirão uma sala na plataforma Zoom para uma conversa mais ampla e com mais vozes sobre as interseccionalidades nas artes de discursos políticos essenciais, como o corpo da mulher que sofre múltiplas formas de violência, as corpas pretas e a sua invisibilidade, o meio ambiente e tantas questões que perpassam as artes de mulheres e homens de nossa contemporaneidade. Nomes ainda a confirmar.
Nos links abaixo, você pode conferir reportagens sobre violência e empoderamento feminino. E também sobre outros espetáculos de dança.
Leia também:
Aborto em menina de dez anos na Cisam gera guerra em Pernambuco
Gravidez precoce responde por 21 por cento dos partos em Pernambuco
Pelo fim da violência contra a mulher
Mulheres contra a violência
Carnaval sem assédio em Pernambuco
Grecthen: Mulher faz o que quiser
Relacionamento abusivo vira espetáculo de dança “Eu Mulher”
Quando a dor do câncer vira dança
Dança sobre vida depois da morte
História de Brasília Teimosa vira dança
Entra apulso no palco: “Pode entrar”
Noite flamenca na terra do frevo
Quadrilham ganham palcos
O homem de mola do Guerreiros do Passo
Renta Tarub: Dança e inclusão social
Jornada virtual, a dança pandemia
No Dia da Mulher,o legado dos livros daquelas que fizeram história
De Yaá a Penépole africana
Mary de Priori é atração do Circuito Cultural
Branca Dias “retorna” ao local onde viveu
Sarau das Lobas e Minas no Mamam
Porque somos todos Clarice?
O ano de Cida Pedrosa: escritora premiada, feminista e vereadora
Violetas da Aurora em movimento
Poesia oral tem nova cara
Serviço:
Lançamento da videodança “Entranhas Marcas” das artistas da Dança Drica Ayub, Isabela Severi e Silvia Góes.
Data: 11 de abril de 2021 (domingo)
Horário: 20h
Exibição virtual pela plataforma Vimeo: Ingressos gratuitos pelo sympla. Link na bio do perfil do Instagram @entranhas marcas
Acesso: gratuito
Duração: 20 minutos
Classificação indicativa: 18 anos.
Live para divulgação e conversa com tema: corpo-arte-ambiente. Dia 08/04, às 20h no perfil @entranhas.marcas
Encontro no zoom com convidadas (a definir) e aberto ao público. Dia 10/04, às 20h.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Flora Negri e Hugo Dubeux / Divulgação