Casa onde o poeta Manuel Bandeira passou parte de sua infância, o Espaço Pasárgada, pede socorro. Apesar da importância histórica do casarão da Rua da União, a instituição não conta com o mesmo tratamento que é dispensando, em outros estados, aos imóveis que foram ocupados por ilustres moradores. É o caso, por exemplo, da Casa do Rio Vermelho, onde morou Jorge Amado, em Salvador. O casarão transformou-se em um museu, visitado anualmente por milhares de pessoas. E reproduz o ambiente em que o autor de Gabriela escreveu seus livros. No início deste ano estive lá, e fiquei encantada com a adequação e gestão do imóvel onde Jorge Amado passou boa parte de sua vida.
Bandeira não morou só em Pernambuco, e mudou-se ainda menino com a família para o Rio de Janeiro. Mas os quatro anos que passou na “casa do meu avô” (1892-1896), foram fundamentais para a sua obra, tanto que um dos seus poemas mais famosos – Evocação do Recife – fala do “Recife da minha infância”, lembra “A Rua da União onde eu brincava de chicote queimado” e até como “eram lindos os nomes das ruas” daquela época. Pois artistas, escritores, jornalistas, produtores culturais e servidores públicos acabam de criar uma Associação de Amigos do Espaço Pasárgada.

“O Espaço Pasárgada é um equipamento interessante, mas infelizmente não tem autonomia nem verbas próprias. Há muitas maneiras de trabalhar o espaço, mas as atividades ficam amarradas, por conta da limitação de Orçamento, diz a atriz e jornalista Ana Nogueira, presidente da Associação. “O Museu da Cidade do Recife tem livraria, estacionamento e exposições, cuja renda é revertida para a instituição. Também conta com a ajuda de uma Associação de Amigos. Já o Museu do Estado tem parceria com o Santander, o que lhe garante dinamismo na programação. Mas o Pasárgadanão dispõe desse tipo de suporte”, diz Ana.
O grupo está cuidando da burocracia da Associação, para então cair em campo. Além da jornalista e atriz na presidência, a Associação conta, ainda, com o jornalista Evaldo Costa (primeiro vice-presidente), o escritor Cícero Belmar (segundo vice-presidente), o produtor cultural Alexandre Melo (tesoureiro) e servidores públicos no Conselho Fiscal. Entre estes, Marília Mendes, que é Gestora do Pasárgada. O Espaço possui dois auditórios, uma biblioteca (aberta ao público), um jardinzinho onde ocorrem eventos como saraus e lançamentos de livros. Funciona das nove às 17h, mas pode ficar aberto até mais tarde se houver evento de acordo com Marília. E é inscrito no Instituto Brasileiro de Museus (Ibran), merecendo, portanto o mesmo tratamento dispensado a instituições do gênero.
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife