Escolas combatem mudanças climáticas

O brasileiro não chega a ser um primor, quando o assunto é preservação do meio ambiente. E o pernambucano, então, é um horror. É só dar uma volta pelo Recife, por exemplo, para se ver árvores degoladas, rios poluídos, canais e córregos entulhados de lixo, ruas e avenidas com calçadas sujas. Mas tenho fé que essa nova geração que se forma agora terá consciência bem diferente da dos pais.  No Recife, há o Programa Educar para uma Cidade Sustentável, em execução em 67 escolas municipais que se inscreveram para o projeto, destinado a abordar a temática ecológica e a desenvolver pensamento crítico sustentável na meninada.  Na última  sexta-feira, sete dessas instituições foram premiadas pela implantação de iniciativas em defesa do meio ambiente.

No período de implementação do Programa, as escolas e creches envolvidas na iniciativa desenvolveram projetos ambientais e atividades com a comunidade escolar, através de esquetes teatrais, paródias, exposições, lendas, musicais, brinquedos sustentáveis e exposições dos trabalhos produzidos ao longo do ano. No Festival Educar para uma Cidade Sustentável, que ocorreu durante três dias de novembro, mais de 1.500 alunos puderam apresentar os estudos e trabalhos produzidos durante o Programa. As notas foram concedidas por equipe de analistas ambientais da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife. O tema que os norteou foi o Mudanças Climáticas, adotado para 2019.

A partir dos critérios adotados, as escolas premiadas, em ordem de colocação, foram:  Escola Municipal Novo Mangue; Escola Municipal Engenheiro Edinaldo Miranda; Escola Municipal Josefina Marinho; Escola Municipal Professor João Batista Lippo Neto; Escola Municipal Professor Antônio de Brito Alves; Escola Municipal Poeta Paulo Bandeira da Cruz e a Creche Waldir Savluchinske. A melhor iniciativa foi a da Escola Municipal Novo Mangue, que  desenvolveu o projeto Verde em Todo Canto através de ações de educação ambiental, com  foco no manguezal localizado no entorno da unidade escolar no bairro do Coque.

A Escola Municipal Engenheiro Edinaldo Miranda, na Encruzilhada, ficou com  segunda colocação com o projeto A educação ambiental para salvar o planeta começa no seu bairro.  Os alunos, em parceria com as organizações sociais do território, promoveram pesquisas, palestras, oficinas, entrevistas e algumas atitudes de reciclagem, como não jogar lixo no Canal do Arruda, um dos mais saturados do Recife. Produziram um vídeo com os principais problemas ambientais do território e formas de minimização dos impactos negativos que eles provocam. Ressaltando assim a importância do trabalho coletivo como o caminho mais adequado para a resolução de tais problemas.

A  Escola Municipal Josefina Marinho, no Alto José do Pinho, conseguiu a terceira colocação com o projeto Tampinhas criativas, através da diminuição de resíduos no entorno da escola. Com gincanas e mutirões, conseguiram diversos materiais, facilmente encontrados no lixo. A partir deles, produziram obras de arte e jogos com tampinhas e outros componentes, tais como garrafas pet e resíduos eletrônicos. A Escola Municipal Professor João Batista Lippo Neto, na Várzea, ganhou a quarta colocação com o projeto Mudanças Climáticas, por que devemos nos preocupar?.  A iniciativa teve o objetivo de compreender a ação das pessoas sobre a natureza e a sociedade para atuar como agente transformador, valorizando a biodiversidade, compromisso e responsabilidade de buscar soluções contra o consumismo nocivo, desperdício e influência de fatores econômicos.

A Escola Municipal Professor Antônio de Brito Alves, no Mustardinha,  ficou na quinta colocação, por  desenvolver o projeto Caminhando para uma vida sustentável, que aborda a questão dos resíduos sólidos, dando continuidade aos trabalhos promovidos no ano anterior. O projeto ficou famoso e ultrapassou os limites de Pernambuco. Estudantes fizeram mutirão com a comunidade para coleta de garrafa PETs, posteriormente utilizadas para a construção de uma ecobarreira no Canal do ABC. O aparato armazena detritos jogados no local, que são em seguida coletados trimestralmente pela Emlurb, impedindo que materiais recicláveis vão para rios e estuários, sendo carregados pelo mar. Além da ação, também foram realizados debates com a população sobre a conscientização do descarte de resíduos e oficinas de reutilização de jornais e revistas para confecção de bijuterias.

Ocupando o sexto lugar, a Escola Municipal Poeta Paulo Bandeira da Cruz, no Ibura, apresentou o projeto Jogos e Brincadeiras: Construindo Uma Aprendizagem Ressignificada e Sustentável. Com o uso de resíduos sólidos, a escola realizou diversas atividades para a confecção de diferentes tipos de brinquedos, reutilizando matéria prima facilmente encontrada no lixo, tais como papelão, isopor, vidro, garrafas pet, etc. A creche vencedora desta edição foi a Waldir Savluchinske, do bairro Engenho do Meio. O tema: Da horta à mesa, um Prazer Sustentável priorizou de forma natural o hábito saudável de incluir hortaliças na alimentação dos alunos desde cedo, incentivando desta forma, a agricultura familiar.

O Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) utilizou o espaço interno para explorar o verde, plantar, cultivar e conservar a horta, envolvendo toda comunidade do entorno, auxiliares de desenvolvimento infantil (ADIs), auxiliares de serviços gerais (ASGs), principalmente pais e responsáveis dos alunos. O Programa Educar para uma Cidade Sustentável acontece desde 2014, e teve como tema Mudanças Climáticas, em 2019. Em suas edições, já teve participação de 140 escolas, creches e centros de educação infantil, tendo mobilizado 50 mil estudantes. O Recife deve tornar obrigatória nas escolas públicas municipais o ensino sobre Sustentabilidade e Emergência Climática, A matéria deve ser inserida na grade curricular. O prefeito Geraldo Julio vai enviar o Projeto de Lei para a Câmara Municipal  ainda este ano para que a disciplina entre no calendário escolar já em 2020.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / PCR

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