Me digam uma coisa: tem nada melhor do que praia, sol, banho de mar? E se o ficar na areia é movido a um interessante bate-papo, melhor ainda. Na praia, as pessoas têm mania de soltar os espíritos, fazer confissões que, muitas vezes, não fazem a parentes nem vizinhos. Melhor assim: ao final da manhã, os estranhos voltam para casa e as pessoas próximas não precisam ser depositárias de segredos. As confidências e inconfidências a estranhos se desmancham como a espuma na areia.
Eu quando estou na praia, sempre encosta uma pessoa. Homem ou mulher. O papo pode ser interessante. Mas também pode cansar. Aparece, também, muita gente conhecida. O que é legal. Às vezes, tem desconhecido que interrompe minha leitura. Porque acho que livro é boa companhia e sempre levo um para ler. Se não aparecer ninguém, estarei em ótima companhia. Uma companhia que precisa de critério para escolher, dependendo do lugar para ler. Por exemplo: jamais levaria Ana Karenina (Tostoi), Germinal (Zola), Judas o Obscuro (Hardy), ou a Metamorfose (Kafka) para ler em uma manhã de sol.
Mas já levei A costureira e o cangaceiro (Peebles), As mulheres de meu pai (Agualusa), Estórias abensonhadas (Mia Couto) , Nação Crioula (Agualusa), Hibisco Roxo ( Chinamanda), Confesso que vivi ( Neruda), Crônicas e 50 histórias miúdas (Joca Souza Leão). Todos de Galeano e os de Isabel Allende (exceto Paula), também são bons de ler na praia. No momento, tem um que deixo sempre na bolsa de praia. Faz um tempinho que estou lendo, mas só na areia. Aí limita-se aos sábados e domingos. E é bom que não acabe nunca.
É De Cape Town a Muscat: Uma aventura pela África. E pense numa aventura mesmo: percorrer 17 países, de ônibus, caminhão, barco, carona. Conviver com tribos, costumes, paisagens, lindas por sinal. Ver um policial levando uma carreira de um camelo. Fazer novos amigos. A leitura me traz um nova olhar sobre países como Ruanda, Uganda, Etiópia, Namíbia. Por exemplo, Ruanda tem uma das capitais mais seguras da África. Verdade? A Etiópia possui a quarta cidade mais sagrada do mundo (para os muçulmanos). A arquitetura da Namíbia lembra a da Alemanha. São muitas as estradas esburacadas na África, mas as de Ruanda “parecem um tapete” . Ruanda? Não acredito. Uganda (lembram de Idi Amim?) virou a “pérola da África”. Deu inveja do autor, Guilherme Canever, não pelas aventuras, mas pelos lugares, praias e lagos que desfrutou. Ainda bem que eu estava com outra praiona, bem na minha frente. No entanto, o livro me dá uma espécie de saudade do que nunca vi. E só me motiva a conhecer aquele continente, cuja cultura me parece fascinante. Ops, culturas… Um dia chego lá. E haja baobá e baobás.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife