Quem prefere caminhar pelas ruas – ao invés de se exercitar em parques, com pistas geralmente circulares – já tem duas boas opções de calçadas na Zona Norte, sem risco e levar queda ou se machucar. Ambas estão bem diferentes daquelas cheias de buracos, com as quais nos habituamos a conviver, no Centro ou em bairros afastados. Estejam elas na sofisticada Boa Viagem ou no popular bairro de Casa Amarela. Pois a Zona Norte está com duas calçadas de fazer inveja aos andarilhos que caminham por outras partes da Cidade. Elas ficam em dois bairros diferentes: Santana e Dois Irmãos.
A primeira foi implantada pela Prefeitura no ano passado, às vésperas das eleições municipais, depois de três anos de descaso e de muitos tombos. Ela margeia o Rio Capibaribe, na Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, que vai de Santana até o bairro da Jaqueira. Está plana e sem buracos. Tem jarros à sua margem, mas foram colocadas por uma empresa particular, o Lojão das Plantas, que funciona naquela artéria. A iniciativa evita que as façam descartes no local. Mesmo assim, o caminhante vai se defrontar – antes e depois do espaço ocupado pela loja – com grande quantidade de lixo abandonado há tempo, e que vem se acumulando entre o manguezal do Rio e o asfalto. Tirando esse problema sanitário e visual, a calçada é boa de andar, sem risco de tropeços. A segunda acaba de ser concluída pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. São dois quilômetros ao longo da Avenida Dom Manoel de Medeiros, que corta o bairro de Dois Irmãos.
As calçadas da Ufrpe foram totalmente restauradas, com piso tátil para cegos e ainda espaço amplo, para maior acessibilidade dos cadeirantes. Sua largura chega a dois metros. Os muros da instituição foram recuados, para que as árvores do caminho não fossem sacrificadas, durante as obras. “Antes tínhamos pensado em fazer a calçada com apenas um metro e meio de largura. Mas chegamos à conclusão que os cadeirantes seriam prejudicados, nos espaços entre as árvores e os muros, que teriam de possuir, no mínimo 90 centímetros. Assim, nove árvores antigas foram preservadas na sua extensão”, conta a engenheira Leila Carvalho Maranhão, do setor de engenharia da Ufrpe e uma das responsáveis pela obra. Os canteiros foram ampliados e 24 postes não precisaram ser relocados.
A Ufrpe investiu R$ 872 mil 273 na implantação das calçadas. “Desde 2013 que lutávamos pela construção, mas o processo só foi licitado em fins de 2014”, conta ela. A obra, no entanto, teve início em 2015. Há espaços com gramados, com taludes que foram preservados. “Evitamos nivelar, porque o terreno é acidentado”, explica, informando que a Universidade espera verbas para a implantação de uma segunda etapa das obras, próximo ao Lafepe. Uma coisa interessante: a preservação das árvores do caminho. Em algumas áreas, os muros foram recuados, para que elas continuassem onde estão, sem cortes nem mutilações. E o que é melhor: sem impor nenhum empecilho à mobilidade. Taí um bom exemplo a ser seguido pelo poder público municipal, que invoca qualquer motivo para eliminar as plantas das ruas da Capital.
Texto e fotos: Letícia Lins / Blog #OxeRecife
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