Em dois anos lojas fechadas aumentam 140 por cento na Rua da Imperatriz

A Rua da Imperatriz vai de mal a pior.  Sobram aridez no chão (só tem uma arvorezinha) e poluição visual nos seus lindos sobrados. Faltam equipamentos urbanos que lhe dêm aconchego necessário a uma via de pedestres.  Nesta semana, estive na Imperatriz. Porém ela estava vazia. E loja fechada tinha de sobra: mais de 30. Aliás, exatamente 36. Esse número é 140 por cento maior do que o  levantamento realizado em 2018 pelo #OxeRecife naquela que até o século passado era a artéria comercial mais famosa do Bairro da Boa Vista, no Centro.

Parece mentira, mas de uma esquina a outra, não contei mais de 20 pessoas circulando em pleno meio da semana. E isto incluindo vendedores que ficam no meio da rua, atraindo clientes principalmente com a oferta de óculos a preços baixos. Em 2018 havia 26 lojas fechadas na Imperatriz, um prenúncio da crise no comércio do centro da cidade. Em 2019, o número chegava a 26. Após a pandemia, o problema se agravou e praticamente é só o que se vê: portas fechadas.

Na última quinta-feira havia nada menos de 36 lojas que deixaram de funcionar, dez a mais do que no ano passado. Tirando a tradicional Livraria Imperatriz, o que se vê lá hoje são poucas óticas, lojas de confecções e acessórios populares, padaria, eletrodomésticos e pequenas lanchonetes.  Com a pandemia, a situação tende a se agravar. Não é segredo para ninguém que as últimas gestões abandonaram o centro do Recife. A Rua da Imperatriz é apenas mais uma, totalmente esquecida. Formada basicamente por sobrados seculares, ela foi perdendo parte de sua beleza ao longo dos anos. Como, aliás, acontece em todo o Recife. Sendo que no Centro, a situação é mais grave. As reformas feitas pelos comerciantes não respeitam o casario original. E se transformam em atentado à estética, com a tolerância da Prefeitura que não exerce seu poder fiscalizador .

Entre as lojas que fecharam recentemente encontra-se o sobrado onde nasceu o abolicionista Joaquim Nabuco (1847-1910), em cujo andar térreo funcionava uma loja de artigos femininos (à direita). Antes da pandemia, o prédio já estava abandonado. O sobrado tem placa de alugar. Recebeu uma mão de tinta, mas seu estado geral ainda merece cuidado. De acordo com o arquiteto e urbanista Francisco Cunha, ele tem estilo colonial mas a edificação é contemporânea do neoclássico, sendo portanto não só uma relíquia histórica como arquitetônica. Ao final da Imperatriz, já na esquina com a Hospício fica a Matriz da Boa Vista, cuja construção começou em 1784, sendo concluída em 1889. É um belíssimo templo que,  juntamente com a Praça Maciel Pinheiro, o novo Teatro do Parque, o Hotel do Parque, o  poderiam formar um polígono de interesse turístico.

Há, ainda, bem pertinho da Imperatriz a sede do Instituto Histórico, Geográfico e Arqueológico de Pernambuco. Ou seja, muita coisa para se ver. Mas diante da decadência, faz até vergonha levar um visitante para ver aquele pedaço do Recife. Sinceramente, é uma pena que na nossa cidade não se respeite a beleza de sua arquitetura e o centro sofra um “atentado” atrás do outro. É só dar um passeio por vias como a própria Imperatriz, Nova, Dantas Barreto, Guararapes. Meu Deus…. o que fizeram com a nossa cidade?

De bom, mesmo, na Rua da Imperatriz, a única coisa que encontrei foi Xande da Rabeca, que quebrava a monotonia da via com seu violino.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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