Primeiro foi o Jardim do Baobá, uma área antes esquecida, à margem do Rio Capibaribe, no bairro das Graças, que terminou por virar um saudável ponto de convivência. Isso, depois da mobilização da sociedade e da academia, que pressionaram os órgãos públicos pela utilização da área, hoje coberta de simbolismo por ser o ponto de partida do chamado Jardim Capibaribe, tão sonhado pelos recifenses.
Pois no Poço da Panela, também na margem do nosso “Cão Sem Plumas”, há uma área esquecida, de 3 mil metros quadrados, coberta de lama e de mato. Os moradores do bairro fizeram uma reunião no último sábado, para dar início à discussão do aproveitamento do terreno, para que a população local se aproprie da melhor forma do espaço. Apesar do mau tempo, dezenas de pessoas compareceram ao encontro, que foi convocada pela Associação de Amigos e Moradores do Poço da Panela (Amapp).

O nome da mobilização é “Descobrindo o Jardim Secreto”. Representantes do InCiti compareceram o encontro. O InCiti é uma rede de pesquisadores vinculados à Universidade Federal de Pernambuco. Eles tiveram muita participação na criação do Jardim do Baobá. A intenção é que no terreno desocupado funcione um jardim comunitário com fruteiras e quem sabe, hortas orgânicas. O jardim deve ajudar na integração dos moradores das margens do Rio, marcadas por dois tipos de ocupação, com moradias de classe média alta de um lado (no Poço e Casa Forte) e pontilhado de palafitas, do outro ( Várzea, Iputinga).
“O que se deseja é constituir um espaço afetivo, por meio de práticas regenerativas de cultivo da terra, capazes de resgatar o altruísmo e a conexão do humano consigo mesmo, com o outro e com a natureza’. O encontro já rendeu frutos. Na quarta-feira, houve a primeira reunião para definir o desenho do Jardim Secreto. Essa mobilização é muito boa. Moro no bairro de Apipucos, próximo ao Poço da Panela. Por falta de mobilização, o meu bairro perdeu a sua última grande área verde , situada entre o asfalto e a margem do Capibaribe. Isso na chamada Reserva Apipucos, que vem ocupada por um condomínio com centenas de apartamentos, e ainda em construção. A Reserva fica ao lado do Parque Maximiano Campos, que tem poucas árvores, não tem quase frequência e que funciona como um estacionamento.
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife