Não é New Orleans não. Nem o seu famoso Mardi Gras. É o Recife. E também não é jazz. É frevo mesmo, embora a improvisação lembre a música americana. Dizia o Mestre Capiba, que “ se o frevo fosse americano, dominaria o mundo”. Se não domina o mundo, pelo menos já é bem conhecido no exterior e domina, sim, nossos corações. Neste último sábado do 2017, nada como falar de coisas amenas, como o pré-réveillon, como o carnaval que se aproxima, como o verão torrando os nossos corpos, e descontraindo nossas mentes. Fui na última sexta-feira ao Paço do Frevo, um dos equipamentos culturais do Recife que eu adoro.
Mas nem cheguei a entrar no prédio, pois a festa estava na rua. Era a última apresentação do ano do Projeto Hora do Frevo, que ocorre normalmente ao meio dia das sextas-feiras, em frente ao Paço, que fica na Praça do Arsenal, no bairro do Recife. Ou Recife Antigo, como os órgãos de turismo preferem chamar. Linda festa, comandada pelo Quinteto Spok, sob a liderança do Maestro e seu saxofone maravilhoso. Aquele mesmo que tem levado nosso frevo ao mundo. Foi uma coisa linda, que deixou muita gente extasiada. Confira no vídeo abaixo:
Mas tirando a concentração em volta do palco onde os músicos de apresentavam, as ruas do Recife estavam completamente vazias. Apesar do feriadão, não havia efervescência de turistas, e apenas um bar, na própria Praça, estava cheio, com pessoas nas calçadas. A Rua do Bom Jesus, bem ali pertinho, às moscas. Um bairro que se diz turístico, precisa de efervescência, de gente circulando, de cafés, de restaurantes, de atrativos. Felizmente, ele já possui alguns equipamentos culturais, como os da Caixa Econômica, dos Correios, o Paço, o Cais do Sertão. Mas precisa mais, e bem mais. Em todo caso, o carnaval vem aí, e o Recife vai ferver.
Ou melhor, “frever”, como dizia a massa, quando os primeiros blocos, formados por gente do povão – lenhadores, vassoureiros, estivadores – começaram a tomar ruas da cidade. É naquela parte antiga que o Recife faz o seu melhor carnaval, com maracatus, caboclinhos, clubes de frevo, bonecos gigantes e blocos líricos, aqueles de pau e corda, como os da Saudade, o Bonde, Cordas e Retalhos, Blocos das Ilusões, e por aí vai. Pois fiquem atentos: no próximo dia 7 de janeiro, vai ter festa, de novo, em frente ao Paço do Frevo. E dessa vez, com um convidado muito especial: o Elefante de Olinda. Estamos no Recife, mas não custa nada cantar: “Ao som dos clarins de Momo/ o povo aclama com todo ardor/ o Elefante exaltando suas tradições/ E também seu esplendor/ Olinda… este meu canto.. Dá até arrepios, só de lembrar. Vamos lá? Dia 7, no mesmo local, vai ter arrastão do frevo, puxado pelo Elefante.
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Texto, foto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife