Eco Parque das Paineiras dividido

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Não dá mesmo para entender. Pelo menos para o que se espera de um eco parque. Pois o chamado Eco Parque das Paineiras só tem mesmo de eco parque o nome. Ele fica no município de Paulista, a 15 quilômetros do Recife. Com investimento previsto de R$ 1.103.267 e pretensos 12,5 mil metros quadrados de área, deveria estrar  pronto  desde setembro de 2016. A promessa era de que teria pista de Cooper, quiosques, playground, banheiros com acessibilidade e mirante para contemplação. Quase nada foi feito ainda. É só passar lá para ver.

Eco Parque das Paineiras já devia ter sido concluído, e maioria de obras prometidas não foram concluídas.
Eco Parque das Paineiras já devia ter sido concluído, equipamentos prometidos ainda não saíram do  papel, infelizmente.

O terreno tem paineiras, é verdade, também chamadas de sumaúmas. Mas infelizmente elas não receberam o tratamento paisagístico que merecem, pois poderiam ter tido a sua área integrada a um bosque que fica ao lado. Ao contrário, o parque foi isolado por um muro que não tem estética – sua presença é até brutal – e pior, deixou do lado de fora um riacho que corre pelo bosque vizinho com águas aparentemente limpas e cristalinas. E cuja fonte é ali bem pertinho.  Ao contrário do que os especialistas apregoam atualmente, o riacho foi canalizado e isolado por completo do Eco Parque, mesmo com a vegetação nativa e rica que fica ao seu redor. Para a população de Paulista, ele deveria ter sido integrado. Nós – eu e os  moradores da cidade que procuraram o #OxeRecife – também pensamos assim.

Riacho de águas limpas, ao invés de ser incluído no Eco Parque foi canalizado, ao contrário do que recomendam especialistas hoje.
Riacho de águas limpas foi excluído no Eco Parque  e canalizado, ao contrário do que recomendam especialistas de hoje.

O #OxeRecife procurou a Prefeitura de Paulista em busca de versão oficial a  respeito do Ecoparque.  Mas nenhum retorno foi dado pela sua assessoria de imprensa, nem a esta, nem a outras indagações sobre devastação das Matas do Frio e do Janga. Morador de Paulista há 20 anos e conhecedor da cidade, o amigo Fernando Batista me acompanhou na empreitada pela município vizinho a meu pedido. Ele é uma das pessoas que sentem revolta com a destruição da mata nativa daquele trecho do nosso litoral. “Acredito que o Eco Parque devia abranger uma área bem maior, pois a que delimitaram é menor do que muitas praças”, critica. “Um  eco parque também tem que ser integrado à natureza, mas ele tem um muro que exclui  o bosque vizinho  e até o riacho que corre entre as árvores da  área”.

Morador de Paulista, o antropólogo Fernando Batista critica exclusão de riacho e bosque vizinho ao Eco Parque.
Morador de Paulista, o antropólogo Fernando Batista critica exclusão de riacho e bosque vizinho ao Eco Parque da cidade.

Fernando é antropólogo  mas se interessa também muito por Botânica. Tanto que na sua dissertação de mestrado na Universidade Federal de Pernambuco discorreu sobre o baobá, árvore que estuda há muitos anos, e da qual dissemina sementes em todo o país. O baobá veio do outro lado do Oceano. Ele afirma que as paineiras têm semelhança com aquela planta gigantesca. “A paineira é a prima botânica do baobá e é a gigante da América do Sul, assim como o baobá é a gigante da África”, conclui. O Eco Parque das  Paineiras fica na PE-15, em frente ao Terminal Integrado Pelópidas Silveira. E poderia funcionar como um refrigério ou área de lazer para os trabalhadores que pegam condução ou trabalham nas proximidades. Mas suas condições ainda são precárias.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Fernando Batista e Josué Melo (cortesia)

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