É pólvora, é pedra, é o fim da picada…

Nesta semana, estava relendo o livro O Cortiço, escrito em 1890 por Aluísio Azevedo (1857 -1913). E pensei o quanto seria inadequado o funcionamento de uma pedreira quase nos fundos das residências populares construídas por João Romão, o protagonista do romance do século 19. Mas a gente custa a acreditar que, em pleno século 21, aconteça uma situação tão parecida com aquela retratada na literatura.  Pois nesta semana, foi flagrada uma mineradora clandestina junto de um… shopping center. Aconteceu na Região Metropolitana do Recife.

Mais precisamente no município de Camaragibe, localizado tão pertinho da capital (a apenas 14 quilômetros). A Agência Estadual de Meio Ambiente (Cprh) – por meio da Coordenadoria de Fiscalização Ambiental e do setor de Gerenciamento de Agricultura e Mineração – acaba de embargar a mineração ilegal.  De acordo com os agentes fiscais, a empresa funcionava defronte do Camará Shopping. Pior, utilizava pólvora para implodir as rochas. Haja risco de acidente.

Além de clandestina, pedreira funcionava perto de shopping center e ainda usava margem de riacho em APP para depósito.

Segundo a Cprh, a empresa não tem a autorização de atuar na área de mineração e nem a autorização especial, emitida pelo Exército Brasileiro, para o manuseio e uso de material explosivo. Além de trabalhar clandestinamente e sem os devidos critérios técnicos, a empresa  ainda depositava as pedras uma área de preservação permanente (APP).

A APP que vinha sendo usada como depósito das rochas fica às margens do Riacho de Pedrinhas, um alimentador do Açude do Privê, área protegida segundo o que determina o Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). Além de ser advertida por escrito e ter a obra embargada, a empresa terá que recompor a vegetação da APP.  A ação foi realizada em conjunto entre a CPRH, a Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma) e a Prefeitura de Camaragibe.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cprh / Divulgação

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