À primeira vista, Antônio Coutinho é um homem “recatado”. Fala baixinho, não altera o tom da voz e não faz gestos efusivos enquanto conversa. Mas no palco, onde assume o personagem “Véio” Xaveco, ele se transforma. Comanda as dançarinas, dança e conta piadas no pastoril profano ou de ponta de rua, como o folguedo típico do ciclo natalino também é chamado.
“Sou muito tímido”, diz, enquanto conversa durante um ensaio, poucos dias antes do Grande Encontro de Véios de Pastoril, que terminou acontecendo no último sábado, na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife. “Mas não é estranha a sua timidez, para quem conta tanta piada picante no palco?”, indago. Mas aí ele explica: “É que depois que boto a máscara, minha personalidade se transforma”, conta Xaveco.
Ele diz que se apaixou pelo gênero, ainda criança, quando assistiu um espetáculo comandado pelo “Véio” Barroso (já falecido), em uma apresentação no bairro de Tejipió. Desde então não parou mais. Mas conta que seu pastoril mudou, depois que conheceu a atriz, ex vedete e dançarina Carmem Alves. Ela diz que um produtor achou que as “pastoras” do “Véio” Xaveco não eram bonitas e muito “domésticas”. E chamou Carmem para compor o corpo de dançarinas.
“Fui e levei mais três colegas. Com minha entrada, a gente deu uma repaginada, mudou tudo”, conta. “Estilizei com a experiência que eu tinha no teatro, mas sem deixar o pastoril perder sua característica original, muito próxima do teatro de revista”. Carmem acha que o pastoril de ponta de rua se aproxima daquelas pessoas que não podem ou não costumam ir a teatros. “O pastoril é próximo da arte circense e o circo é a arte do povo”, assegura.
Confira, no vídeo abaixo, a “timidez” do Véio Xaveco:
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Texto, foto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife