Dizem que o mundo dá curiosas voltas. No caso de Izaías Trajano da Silva Neto, deu mesmo. Ele é Instrutor de Música e Supervisor de Cultura do Sesc Ler, localizado em Goiana. No cargo, responde, também, pelo Museu de Arte Sacra agora chamado de Maximiano Campos. Izaías relata um momento inesquecível da sua infância, que foi o primeiro contato com as peças daquele que, à época, era o mais antigo museu de arte sacra em atividade na América Latina. Isso antes do acervo ser ameaçado de despejo naquela cidade, localizada a 60 quilômetros do Recife.
“Eu era criança, e lembro que vivi um momento mágico ao visitar o Museu, que fiquei encantando com a riqueza, o dourado das peças”, relata. “Foi uma mudança de vida, porque não sabia que ao invés de ser um mero espectador, uma dia seria um dos responsáveis pela guarda das peças sacras”, conta, referindo-se ao acervo formado de imagens em madeira e terracota, móveis, castiçais, mesas, cristaleiras, crucifixos, santos de roca, entre outros.
“Não sou católico praticante, mas é importante a ligação cultural com o acervo sacro, e trabalho para preservar a memória da cidade”, diz. Ele tem uma predileção especial por Santo Antônio de Noto que, como os demais, precisou de restauração cuidadosa. “A restauradora o acha parecido comigo”, diverte-se.
Santo Antônio de Noto é conhecido, também, como Santo Antônio de Categeró ou Antônio de Cartago. Nascido na África, foi aprisionado, vendido como escravo, e enviado à Sicília, na Itália. Transformou-se em pastor na localidade de Noto naquele país, onde marcou sua vida por superar as condições sociais adversas. Ao conquistar a liberdade, dedicou-se à oração e a cuidar de pessoas doentes nos hospitais. Depois, optou pela vida contemplativa, vivendo como eremita no deserto. Teria morrido em 1514. Sua imagem integra a exposição atual do Museu de Arte Sacra Maximiano Campos.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife