Do Jardim do Baobá às flores “raras”

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No último sábado, saí de casa às pressas, para participar de mais uma edição das Caminhadas Domingueiras, lideradas por Francisco Cunha. Mas a programação tinha sido adiada, e eu não me dei conta. Para completar, ainda chamei o amigo Fernando Batista, para se integrar ao grupo naquele dia, porque a turma partiria de um baobá e terminaria o roteiro em outro baobá. Achei que a caminhada o interessaria. Afinal, Fernando é o maior semeador de baobás do Brasil. Até já perdeu as contas de cidades que ganharam mudas, mas sabe, pelo menos, que elas crescem, hoje, em pelo menos dez estados.

Ele é especialista no assunto, com mestrado em antropologia sobre o planta sagrada. E prepara-se, no momento, para enfrentar um doutorado na Universidade Federal da Bahia sobre africana Adansonia digitata, hoje tão presente em nossas vidas. Cheguei um pouco “atrasada” ao local do encontro e acho Fernando à espera, claro, deitado nas raízes do baobá, em perfeita simbiose com a árvore mágica. Encontramos um casal, que também estava “desligado”, como nós. E  que também “arrastara a mala”. O casal foi para o Mercado da Madalena, onde o bate-papo corre solto aos sábados. E eu e Fernando, que já estávamos a postos, decidimos caminhar.

Maior semeador do baobás do Brasil, Fernando Batista à espera das Caminhadas Domingueiras, no Jardim do Baobá.

Fomos fazendo o percurso do futuro Parque Capibaribe, que pretende transformar o Recife em cidade jardim. Saímos andando do bairro das Graças. Mas como todos os roteiros de Fernando, no meio do caminho tinha um baobá. Tem que ter um baobá no meio do caminho. E ele estava na Praça Domingos Giovanetti, na Torre, onde em setembro de 2005 foi plantado, em ritual para assinalar os 50 anos de fundação do Instituto Capibaribe, um dos educandários mais marcantes do Recife. Pois estávamos lá, aos pés desse baobá adolescente, que nosso semeador calcula que ele tenha uns doze anos de vida, porque quando chegou lá já era uma muda, e não apenas uma semente.

A árvore daquela praça à margem do Rio Capibaribe é a prova viva de que a espécie não flora só a cada meio século. Recentemente, o baobá que fica na Praça Faria Neves, em Dois Irmãos, apareceu florido. A imprensa local endoidou. Colocou fotos, manchete, “flores raras” que só “brotam a cada cinquenta anos”, apareceram no baobá. Pois o que vimos, com presumíveis doze, também florou, e as flores viraram frutos, e ela estava repleto deles, no último sábado. Uma festa, para quem, como Fernando, se aventura a semear os baobás por onde anda. Para os que não sabem: um baobá pode durar mais de 3 mil anos.  Para comemorar os flores e os frutos, fomos fazer um lanche  no Meio do Mundo Café Bistrô, bem pertinho do já fértil filhote do maior colosso vegetal do mundo.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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