No Dia do Artesão, nada como prestar uma homenagem a Ermírio José da Silva, o Miro dos Bonecos, como é mais conhecido esse artista popular, que dedica a vida a criar bonecos, sejam os pequenos (para o teatro de mamulengo), grandes (como a boneca com a qual ele dança o forró em feiras populares ou exposição de artesanato) ou aqueles articulados, que funcionam com linhas, como as marionetes. Fã de Miro, tenho peças suas em minha residência como elementos decorativos. Mas quando recebo crianças em casa (netos, sobrinhos, filhos dos amigos), eles querem brincar com os bonecos.
Miro nasceu para isso. Desde criança, aos sete, encantou-se com essa arte, da qual sobrevivem, hoje, poucas pessoas em Pernambuco. Ele mora em Carpina – a 56 quilômetros do Recife – em cuja feira travou conhecimento com o teatro de bonecos do Mestre Sólon, já falecido. “Quando vi, pegou aquele negócio dentro de mim, e pensei que eu tinha que fazer aquilo”. E como fez. Primeiro, ele tentou fazer um boneco com um cabo de vassoura, logo ao chegar em casa”. Ficou pensando como “poderia usar aquilo para lhe dar vida”. O esforço valeu a pena e hoje ele é um dos artistas populares mais solicitados do Estado. Diz ele que “quanto mais fui fazendo, fui pegando gosto”. E hoje sustenta três gerações da família com a arte dos seus bonecos.
Uma das suas personagens mais famosas é a Maria Grande, boneca de tamanho natural, com a qual Miro dá show dançando. O “casal” é um verdadeiro pé de valsa. Maria Grande ele não vende por dinheiro nenhum. “Faço muitas réplicas, mas a original fica em casa”. Outras criações – como bonecos articulados – fazem a festa de colecionadores. São aqueles que, reproduzindo costumes ou folguedes do Nordeste – funcionam com um motor movido a manivela ou a luz elétrica. Na última Fenearte uma das peças funcionava com uma moedinha. Havia fila para ver a peça funcionar. Para o mecanismo, usa até máquina de lavar roupa. Como já trabalhou como mecânico, para ele não foi difícil utilizar a geringonça que dá movimento aos seus “filhos”. E afirma que a maior parte dos bonecos é confeccionada com sucata e materiais descartados. Viva Miro!
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Texto, foto e vídeo: Letícia Lins /#OxeRecife