Dia de “Remorso” em Salvador

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Há alguns dias, em Salvador, ao entrar no Museu de Arte da Bahia, eu e meu amigo Fernando Batista nos defrontamos com a estranha e sofrida figura de um homem em bronze,  escultura que fica logo na entrada da instituição. O seu nome: Remorso. Não era para menos. De acordo com estudiosos, a escultura mostra “um homem em estado de profunda agonia, sofrendo sérios conflitos internos, com músculos contraídos, o que determina o nome da peça”.

A escultura me chamou tanto a atenção, pela sua expressão desesperada, que pedi a meu amigo que me fotografasse com expressão tão angustiada quanto a dela. Não sou boa atriz, mas acho que me saí bem. Descobri, depois, que o Remorso é apenas uma das muitas obras deixadas em Salvador por Pasquale de Chirico (1873-1943), artista italiano que viveu na Bahia e que é tido como o maior escultor de Salvador, no início do século 20.

Meu companheiro de viagem, Fernando Batista, como eu, tentou reproduzir “Remorso”. Mas só conseguiu imitar cansaço.

São dezenas de trabalhos seus que estão em ruas e praças de Salvador. Só na parte externa do Anfiteatro da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, eles somam treze. Chirico nasceu na Itália, mas mudou-se para São Paulo, em 1893, onde chegou a ter uma fundição. E a partir de  1903 foi morar em Salvador, cidade em que deixou um acervo considerável, e que ainda hoje pode ser visto nas ruas, praças, jardins da capital da Bahia. Ele tinha um atelier na parte antiga de Salvador.

Quanto ao Remorso, seu molde em gesso sumiu, segundo me informei. E restam duas esculturas em bronze do Remorso. Uma está no Museu de Arte da Bahia ( a que vimos) , e outra fica na Escola de Belas Artes da Ufba. Curioso é que, com esse trabalho tão dramático, o artista italiano conseguiu aprovação para ensinar escultura na Escola de Belas Artes, em Salvador.  Entre as obras deixadas em Salvador encontram-se o Cristo da Barra, assim como monumentos a Castro Alves, Dom Pedro II, ao Barão de Rio Branco. Nenhuma estátua, no entanto, tem a carga dramática de Remorso. Observem só, a expressão de desespero do homem.  Tentei, mas não cheguei nem perto da sua angústia transbordada. Meu amigo Fernando também tentou, a meu pedido, reproduzir a angústia de remoroso, mas tudo que conseguiu foi emprestar um ar de cansaço à foto. Cadê a desolação de Remorso?

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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Fernando Batista/ Cortesia

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