No Dia da Amazônia, trilha pela Mata Atlântica no bairro da Várzea, Recife

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No Dia da Amazônia, resolvi… fazer uma trilha pela Mata Atlântica. Melhor dizendo, pelo pouco do que dela sobrou no Recife. Aqui na Zona Norte- onde resido – restam resquícios do bioma em bairros como Dois Irmãos, Curado, Várzea. E foi neste que estivemos no sábado (6/9) com o Grupo Andarapé para fazer uma caminhada de nove quilômetros, em meio à vegetação exuberante do antigo Engenho São João da Várzea, de propriedade da família Brennand. Com direito a parada para lanche ao lado de uma nascente de água cristalina e também junto uma pequena cascata, a Cachoeira da Amizade.

O ponto de encontro foi na estrada de barro que dá acesso à Oficina Francisco Brennand, de onde saímos como um bando de mascarados, devido à pandemia. Confesso que pensei em desistir de ir, pois fico meio sufocada com o “adereço”. E também porque, com as chuvas da noite de sexta-feira, imaginei que teríamos um caminho com muita lama e passagens escorregadias. Até porque a Coordenadora do Andarapé, Ana Maria Almeida, já havia feito o reconhecimento um dia antes e havia nos prevenido das consequências da chuva. Mas, felizmente, nada que não pudéssemos enfrentar, embora alguns trechos tenham nos forçado a ajudarmos uns aos outros. Nosso guia, Carlos Alberto, mora na Várzea há muitos anos e é conhecedor dos labirintos da Mata. Ele nos mostrou curiosidades sobre alguns plantas, inclusive a gameleira.

Aquela que quando cresce sobre outra árvore –normalmente a partir de semente jogada por morcego ou pássaro em voo – mas que quando fica adulta termina por matar a sua “anfitriã”. Vimos várias nessa situação, em que a gameleira já sufocara outras plantas até mesmo uma palmeira. Mas também havia várias outras gameleiras que cresceram a partir do chão. Também encontramos palmeiras como as macaibeiras, cujo caule é muito usado por aves como papagaios e jandaias, para fazer seus ninhos. Depois que morre, no entanto, o oco de sua estirpe serve para abrigar ninhos de… cobras. Ui…. Também paramos em uma fonte de água cristalina, mas tão cristalina, que teve  até quem dela bebesse.

Mas enquanto estávamos lá, chegou um cidadão com um bojão de água mineral vazio para encher. Antes de concluir sua operação, jogou um plástico de um vasilhame de Coca-Cola na água limpa. Pedi a ele que apanhasse e me entregasse para que eu jogasse em local adequado. Pelo jeito, me pareceu morador da região. Passada a nascente, nos defrontamos com um riacho poluído que passa no meio da mata, depois de cortar uma comunidade carente vizinha. Retrato da falta de saneamento e também de educação doméstica, pois dava para se perceber a quantidade acumulada de garrafas pet e até um pneu. A partir daí, passamos por locais bastante escorregadios, caminhos estreitos  e que impõem cuidado, devido a quantidade de raízes pelo chão. Encontramos muitas borboletas, saguis e ouvimos o canto de muitos pássaros. Também o cricrilar dos grilos.  Foi uma manhã agradável, sem chuva, de sol mas sem calor. Afinal, as árvores funcionam como refrigério.

Pausa na trilha do Andarapé, no bairro da Várzea, Recife.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: Letícia Lins e Andarapé

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