Em alguns países, o lixo é separado nas residências e condomínios, e a cada dia a coleta recolhe um tipo diferente de descarte. Tem dia para vidro, papel, metal. Tenho uma amiga que morou em Paris, e o os moradores do prédio custeavam as taxas de condomínio com a venda do lixo reciclável. Aqui no Recife, infelizmente, é tudo junto e misturado. A começar pelos chamados ecopontos, espalhados em ruas e praças, nos quais não há compartimentos específicos para a separação e destinação correta de materiais como latas de cerveja e plásticos, por exemplo. Ou seja, um desrespeito às convenções universais. Agora nos chega uma boa notícia: um manual, em formato digital, que orienta a população quanto ao recolhimento e destinação adequada dos resíduos sólidos no estado.
O manual mostra, inclusive, onde deixar seu lixo eletrônico: celulares, baterias, Tvs, monitores, o que é muito bom, pois o que a gente vê mais é carcaça de Tv, monitores e até computadores boiando no Rio Capibaribe. A inciativa não é da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), através de parceria com a Fundação Joaquim Nabuco e Universidade Federal de Pernambuco. O Manual de Destinação: Orientação ao consumidor traz características dos resíduos, cuidados, potencial risco ao meio ambiente e a quem procurar na hora de descarte. A terceira edição do manual, em formato digital, já está disponível. Você pode baixar gratuitamente através dos sites www.semas.pe.gov.br / www.fundaj.gov.br / www.ufpe.br .
Poucas pessoas sabem, mas um dos locais que recebe lixo eletrônico, por exemplo, é Centro de Recondicionamento de Computadores do Recife (CRC), localizado no bairro de Apipucos, já referenciado aqui no #OxeRecife. O CRC transforma resíduos eletroeletrônicos (aparelhos de celular, placas, baterias, computadores e utilitários) em computadores recondicionados.Ou em objetos como bengalas e chapéus sonoros, utilizados para facilitar a mobilidade de deficientes visuais. O Secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, José Bertotti, lembra que “a Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê o reuso de todos os produtos que inicialmente já cumpriram sua função econômica e social”. E acrescenta: “O reaproveitamento das peças eletrônicas fomenta a economia circular”.
Outra dica importante que consta da publicação é sobre o destino de pilhas e baterias. De acordo com a legislação ambiental, o recolhimento do material pós-consumo é de responsabilidade dos estabelecimentos que comercializam o produto. São 53 locais, entre supermercados, atacados, lojas de equipamentos eletrônicos, além de sindicatos de comércio varejista localizados em nove municípios, entre eles: Recife e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, além Garanhuns e Petrolina, no interior do estado. O orientador disponibiliza os contatos das indústrias do setor de alumínio, papel e papelão e de embalagens de vidro, que comercializam os recicláveis em Pernambuco. Também constam da nova publicação os endereços e telefones de mais de 40 associações e cooperativas de catadores que atuam na coleta seletiva dos municípios das regiões Metropolitana, Agreste e Sertão do estado. A implantação da coleta, com a devida inclusão social dos catadores, assim como a organização e gerenciamento dos resíduos sólidos, é uma atribuição do poder público municipal e está prevista nas Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos (Leis 12.305/10 e Lei 14.236/10, Art.16). A julgar pelo que se observa nas fotos acima, o órgão encarregado da limpeza no Recife está precisando consultar o Manual. Urgentemente.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife