Depois daquele tombo (3)

Compartilhe nas redes sociais…

Após o tombo que levei, por causa de uma calçada irregular – pé no gesso, com proibição de colocar no chão – soube de muitos outros acidentes pelo mesmo motivo. E pelo que observo, a chance de se machucar mais é em pequenas depressões, e não nos buracos grandes, que a gente vê à distância, e já vive precavida contra eles. A educadora Ivana de Araújo Cavalcanti Silva teve menos sorte do que eu. Torceu o pé, precisou de cirurgia e passou um mês e meio proibida pelo médico de pisar. Enquanto o meu machucão foi no bairro de Casa Forte, o dela foi em uma calçada da Avenida Conde da Boa Vista, uma dos principais corredores do centro do Recife.

“Eu vinha andando por uma calçada da Conde da Boa Vista, quando torci o pé perto da esquina da Conde da Boa Vista com a Hospício. Estava de tênis, mas mesmo assim, o impacto foi muito forte. Tão forte, que senti uma dor como se alguma coisa tivesse se partido. Logo em seguida, parei para botar gelo, e voltei para casa. O pé começou a inchar, e procurei uma emergência. Ao fazer o Raio-X, o diagnóstico foi que, devido à largura da fissura no quinto metatarso, eu teria que operar. Precisei colocar um pino, e passei um mês e meio sem andar”, conta.

Leia mais:

Depois daquele tombo

Depois daquele tombo (1)

Depois daquele tombo (2)

“Aluguei uma cadeira de rodas, andador, e tive quatro meses de licença médica, além de necessitar de dois meses e meio de fisioterapia”, conta Ivana, que é servidora pública, e tem um belo trabalho na área de incentivo à leitura na rede oficial de educação do Recife. “Estou começando a andar aos poucos, e só pude voltar a trabalhar na semana passada”, conta ela que, como eu, tem mania de caminhar, e também vai ficar privada de brincar o carnaval como gostaria”.

Mesmo sem o gesso, já totalmente liberada para colocar o pé no chão e dar início – gradativamente, às caminhadas – Ivana não se sente segura no meio da rua nem nas nossas calçadas. “Meu sentimento é de medo. Quando ando, tenho temor de arrebentar o outro pé. A gente não se sente segura nem no asfalto nem nas calçadas do Recife. Depois de um acidente como esse, a gente perde um pouco da agilidade. Me sinto muito vulnerável em uma cidade dessa. Mesmo com sinal fechado para carros, não fico ainda segura, quando atravesso a rua”, diz. Essa semana, Nani – como é mais conhecida – voltou ao local onde sofreu o acidente. Está tudo do mesmo jeito. A Autarquia de Limpeza e Manutenção do Recife (Emlurb) informa que a Prefeitura está trabalhando em requalificação das nossas calçadas.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife

Foto: Alexandre Albuquerque/ @alexandrealbuquerquefotos

Continue lendo

One comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.