Tem quem ache que ela dá azar. Basta estar em casa à noite, e uma coruja voar piando sobre o telhado, para algumas pessoas acharem que a ave está anunciando algum agouro. Para outros, a ave soberana da noite é símbolo de mistério, sabedoria, inteligência, conhecimento, esperteza. Até porque ela enxerga mais do que os outros animais, no meio do breu. E tem quem admire tanto esse animal, ao ponto de ter representações em diversos materiais, como é o caso do médico Fred Rabelo, de quem fui paciente até que se ele se aposentou. O doutor mantinha uma coleção imensa em seu consultório, no Bairro das Graças. Quando parou de atender, deve ter levado as corujinhas de estimação para casa.
Nesta semana, um filhote de coruja Caburé (Glaucidium brasilianun) foi entregue à Agência Estadual do Meio Ambiente. Ela foi encontrada por um flanelinha, no meio da rua, perto da Universidade Católica de Pernambuco. Indefeso, o filhote por pouco não foi atropelado. “O rapaz entrou em contato comigo e disse que estava ajudando um motorista a estacionar o veículo, quando percebeu a coruja no chão”, comentou Diego Sial, biólogo da organização não governamental Trilogiabio. Por pouco o bichinho não foi atropelado. Diego conduziu a coruja até a sede da Cprh, em Casa Forte, na Zona Norte do Recife. A coruja foi encaminhada ao Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tangara).
No Cetas, no bairro da Guabiraba, a Cprh mantém equipe formada por biólogos e veterinários. A ave passou por avaliação clínica. E está sendo cuidada para, quando estiver em condições, retornar à natureza. Pelo que se observa, as aves de rapina estão cada dia mais urbanas. Com a devastação das matas, aproximam-se cada vez mais de nós.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Cprh / Divulgação