A história de 1968 pela fotografia

Nunca mais se fez um ano como 1968. Nem no Brasil, nem na França. No Brasil, se vivia uma ditadura. E a juventude ia às ruas, protestar abertamente contra o regime militar, enquanto outros tentavam se organizar para a luta armada. No dizer do sociólogo Edgar Morin, que acompanhara as manifestações da juventude francesa naquele ano,  vivia-se então um “êxtase” da história no Brasil.  Em Paris, outro sociólogo, Raymond Aron, admitia que a França mudara, depois daquelas manifestações estudantis. E mudou mesmo. Mas desde então, 50 anos se passaram e fatos como aqueles ganharam registros nos livros de história.

Para as novas gerações, 1968 é uma realidade bem distante. Mas há como se aproximar daqueles fatos históricos, por filmes ou fotografias da época. No Recife, 1968 não passará em branco. No caso, o 1968 francês. O Instituto Ricardo Brennand abriga de hoje até 22 de julho a mostra No Coração de Maio de 1968. A exposição está percorrendo o país. E consiste em dois módulos. A primeira é um conjunto de 43 fotografias, com a assinatura do fotógrafo Philippe Gras. O segundo módulo são dois filmes, intitulados Maio de 68, uma estranha primavera, ambos com a assinatura do historiador e cineasta Doninique Beaux.

O relatório fotográfico de Philippe Gras difere de toda a documentação já conhecida, devido à qualidade artística de suas imagens, e pelo olhar empático e distanciado, focado nos momentos capturados. Porém seus arquivos só foram descobertos após seu desaparecimento em 2007. Já Dominque capturou testemunhas ou atores da efervescência da época. As obras expostas compõem um projeto liderado pela Associação dos Amigos de Philippe Gras e pela Produtora Filmes dos Quatros Planetas. E conta com o apoio do Institut Français e da Aliança Francesa.

No Brasil, há um livro ótimo de Zuenir Ventura sobre aqueles meses tumultuados: 1968, o Ano que não terminou. Quem não leu, bem que poderia fazê-lo agora.  Além de abrigar a Mostra, o Instituto Ricardo Brennand  promove entre os dias 26 e 29 de junho, das 8h às 12h30, o curso Os intelectuais do maio de 68. O curso faz parte da 12ª edição do Para Ler. O objetivo é fazer uma leitura dos intelectuais que vivenciaram o maio de 68, na França, como Edgar Morin, Gilles Deleuze, Pierre Nora, Michael Foucault, entre outros. O curso será ministrado pelo prof. Dr. François Dosse e as inscrições poderão ser feitas pelo site www.institutoricardobrennand.org.br. Mais informações pelo (81) 2121.0352

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Philippe Gas/ Divulgação 

Serviço:
Exposição No Coração de Maio de 68
Local: Pinacoteca do Instituto Ricardo Brennand, Alameda Antônio Brennand, S/N – Várzea
Visitação: de 22 de maio a 22 de julho
Horário: Terça a domingo, das 13h às 17h
Ingressos: R$ 30,00 (inteiro) e R$ 15,00 (meia entrada) – Pessoas com deficiência, estudantes, professores e idosos acima de 60 anos mediante documentação comprobatória
Informações: (81) 2121.0352/ 0365

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