Comida e tradição no Museu do Estado

Anote aí na sua agenda, o dia 5 de julho vai ser de comes e bebes. E quem não gosta dos prazeres da mesa? Ou mesmo de se aventurar entre temperos e especiarias na cozinha? Quem não sabe ou não costuma preparar pratos da tradicional e legítima cozinha pernambucana, agora tem chance de aprender. Ou pelo menos tentar. É que na quinta (5 de julho), será lançado o livro Comida & Tradição: Receitas de família, de Nininha Carneiro da Cunha.  A festa, para divulgar a reedição especial acontece no Museu do Estado, às 19h. A publicação traz nada menos de 641 receitas, entre doces, salgados e especificações quanto às festas para as quais eram preparadas. Do carnaval (filhoses) à botada das usinas (panelada). O evento terá degustação de algumas das receitas presentes na obra.

O livro chega  20 anos após a morte de Maria da Luz Carneiro da Cunha, a Nininha (1923-1998). Ela era formada em Direito, mas desde criança, nutria paixão pela culinária. A primeira e póstuma publicação de receitas – já esgotada – saiu em 2002, depois de duas décadas de pesquisa sobre a nossa cozinha, quando a autora se debruçou em livros e experimentos culinários para viabilizar receitas seculares nos dias atuais. A iniciativa é da Companhia  Editora de Pernambuco (Cepe). Segundo o presidente da Cepe, Ricardo Leitão, uma segunda edição se fez necessária “para que se mantenham vivos o ‘como fazer’ e ‘como comer’”. A nova edição é ilustrada com fotografia que dão água na boca.

Doce de banana em rodinhas é uma iguaria, e tem muitos segredos até dar o “ponto” para sair do fogo

O livro traz o prefácio original (Gilberto Freyre), cujo livro Açúcar, também serviu como fonte de pesquisa para Nininha. E acrescenta um outro, de Raul Lody, conhecido por pesquisas sobre a culinária regional.  O livro é dividido em duas partes.  Na primeira, Comidas das Festas e do Cotidiano, há desde receitas detalhadas para preparar refeições servidas no Natal, São João, Carnaval e Semana Santa, até pratos para casamentos, resguardo de mães e comemorações no início da moagem da cana-de-açúcar nos engenhos pernambucanos, a chamada botada.  Já a segunda parte, Comidas Contemporâneas  é dedicada às guloseimas salgadas e principalmente doces, com destaque para a grande variedade de bolos, deixando notória a influência da fartura do açúcar por aqui, desde os tempos coloniais.

No Natal, são referidos pratos como leitão assado, peru assado com recheios, ou o bolo majestoso. Da Semana Santa, vêm pratos como o feijão e o bredo de coco e o bacalhau na grelha (ou na brasa). Do São João, bolos como o de macaxeira ou o de massa de mandioca. E quanto à botada das usinas, que costumava encher de visitas a casa grande, para assinalar o início da moagem da cana. A mesa era fartíssima. E também pesada: rabada, panelada, chouriço, bolo gordo, creme de ameixa. Nininha também gostava muito de homenagear os amigos ou parentes, colocando seus nomes em bolos a eles dedicados, como o Luiz Felipe e Mariazinha Carneiro da Cunha.  Entre os doces, a clássica compota de banana de rodinhas, aparentemente simples de preparar. Meu pai, que morava em São Paulo, tinha sempre saudade dessa iguaria. Ele sempre pedia à cozinheira para preparar, mas a paulista nunca conseguiu preparar um tão saboroso quanto aquele feito pelas tiás e avós. Agora, está aí Nininha, para acabar com o mistério. Vamos  ler, preparar e degustar?

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SERVIÇO
Lançamento: Comida & Tradição: Receitas de família (Nininha Carneiro da Cunha)
Quando: 5 de julho, às 19h
Onde: Museu do Estado (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças)

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação/ Cepe

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