“Pelos autores das epígrafes que antecedem cada poema, percebe-se a qualidade da leitora que temos nas mãos. Se um livro é uma janela que se abre para o mundo, temos aqui várias janelas abertas para um dia claro, um dia para se encontrar o novo”. É assim, que o escritor João Gratuliano define o livro Círculo de Seda, que revela uma nova poeta no cenário literário de Pernambuco. Seu nome: Anita Dubeux, que promove noite de autógrafos a partir das 19h dessa quarta-feira (20/9), na Arte Plural Galeria, no bairro do Recife. O evento revela, também, o lado de artista plástica da autora, que exporá doze trabalhos, em tinta acrílica ou aquarela. Entre eles Círculo de Seda (2016), que ilustra a capa do primeiro livro publicado de Anita.
Círculo de Seda sai pela Editora Chiado, que tem sede em Lisboa. E reúne 27 poemas, escritos por Anita, em Pernambuco (onde nasceu), Piauí e Rio de Janeiro. Economista, com especialização no Chile, México e França, ela atuou na área de planejamento econômico. Mas nunca desvinculou-se da produção de versos nem de suas tintas e pincéis. Após a aposentadoria, no entanto, resolveu se dedicar-se exclusivamente ao ofício de pintar e escrever. A iniciativa foi reforçada com o incentivo de amigos e a participação da Oficina de Criação Literária Clarice Lispector, da Escola de Psicanálise Traço-Freudiano e Veredas Lacanianas. A Oficina é coordenada pela escritora Lourdes Rodrigues. “Passei a vida escrevendo relatórios, fazendo diagnósticos, atuando na área de planejamento econômico e regional. Quando me aposentei, dei meu grito de independência e resolvi ler, escrever, pintar”, diz Anita.
Então, “uma parte de minha vida anterior passa agora a sair da sombra”. Anita sempre gostou de pintar e escrever, mas não tinha tempo. “Era preciso sobreviver, mas agora quero dedicar meus dias à produção de poemas”, diz. Ela tem textos em prosa, mas gosta mesmo é de criar seus versos, todos escritos com muita delicadeza, uma das marcas do seu espírito, de sua forma de viver. “Dizem que a arte imita a vida e que a ficção imita a realidade. Se é assim, a poesia imita os nossos sentimentos. Muitas vezes, lemos um poema e a primeira coisa que nos vem à mente é, por que não fui eu que escreveu isso? Antes de mais nada, somos incapazes de ousar, só os poetas têm a coragem de dizer o indizível, de trazer à tona nossos sentimentos mais reservados”, comenta o escritor João Gratuliano..
“A prosa é como uma caminhada, a poesia é uma dança, disse Otávio Paz. Círculo da Seda nos convida a dançar e a dançar novamente”, afirma ele, autor do prefácio do livro, e um dos incentivadores da publicação. O contista teve o privilégio de ler, em primeira mão, os poemas de Anita. “No poema Recordação, percebemos que, como todo bom livro de poesia, precisa ser saboreado gole por gole, há nele demasiada ternura, para uma única tarde”, afirma, citando os versos da poeta. “Há de fechar o livro, os olhos, e ver. Ver a silhueta da mulher silente, sentir o cheiro de fumaça”. E faz uma convocação: “Vá, sinta”. E volta à dança poética, à qual se refere Otávio Paz, sem deixar de citar a delicadeza dos versos da autora. “A parte dela foi a de escrever, com dedos de seda e se encerra aqui”. E acrescenta: “De agora é diante, a dança é de quem lê. Assim, espero ter versado e bailado à luz da gema preciosa que ora se tem em mãos, leitor”. E conclama: “Faça-se poeta”. Porter sido o livro editado em Lisboa, Anita promete um evento à portuguesa.
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Surge uma nova poeta: Anita Dubeux
Serviço:
Lançamento do livro Círculo de Seda, de Anita Dubeux
Onde: Galeria Plural, Rua da Moeda, 140,Bairro do Recife
Quando: Dia 20, 19h
Entrada gratuita
Preço do livro: R$ 30
Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife