Invocando o aumento de 20 por cento no número de casos de infecção pelo coronavírus – “possivelmente proveniente das aglomerações das últimas semanas”, incluindo eventos políticos – a Associação Pernambucana de Ciências e a Academia Pernambucana de Medicina acabam de divulgar nota “em defesa da vida face a uma segunda onda da Covid-19”. Na nota, os profissionais recomendam “bom senso por parte dos candidatos”, “resposta positiva por parte da população” e cobram “providências das autoridades”, para evitar que a pandemia volte a se alastrar no Estado. “Vidas são mais importantes do que quaisquer cargos políticos”, alertam.
A nota é assinada por José Antônio da Silva (APC) e Hildo Azevedo (APM). Eles lembram que nas últimas semanas o número de casos de pessoas acometidas pela Covid-19 “cresceu muito rapidamente” em alguns países, provocando mortes que teriam sido evitadas com o isolamento social. “Nos países que seguem essa norma, o número de óbitos é muito reduzido, quando comparado ao registrado no Brasil”. As entidades citam os exemplos da Nova Zelândia e do Japão (que ostentam poucos óbitos) e mostram a necessidade do novo lockdown na França. Também prevêm que com a reaproximação das pessoas, a consequência – no Brasil – será o aumento do número de pessoas infectadas e novas mortes. Com a campanha eleitoral, a população tem ficado ainda mais vulnerável. Pernambuco é só um exemplo. E advertem:
“É dramático ver as aglomerações em festas, principalmente em comícios políticos em vários estados do Brasil, sem uso de máscaras e sem obedecer ao distanciamento social. A negação da pandemia e a desobediência às leis são atitudes que devem mudar de forma obrigatória e urgentemente, caso os governantes queiram salvar a vida dos seus governados. Seria extremamente apropriado e demonstraria real preocupação com a população, que os candidatos ao pleito legislativo do próximo mês, demonstrassem ter uma atitude cidadã, seguindo as leis e as orientações das autoridades sanitárias, usando máscaras e não promovendo aglomerações”.
Depois, acrescentam: “Procedendo de forma contrária, eles serão representantes de quem? De um pequeno grupo de pessoas que só se importam consigo mesmo, ignorando que também podem se tornar vítimas da pandemia”. As duas entidades apelam para que as autoridades constituídas tomem providências contra os exageros, “com o rigor que a lei exige, para que vidas sejam salvas, pois são mais importantes do que quaisquer cargos políticos que estejam em disputa. No interior, em pelo menos duas cidades, a Justiça já proibiu comícios, carreatas, passeatas e outros eventos políticos de rua. Nesta quinta-feira (29/10), a Secretaria Estadual de Saúde notificou 579 novos casos da Covid-19 em Pernambuco. Assim, o número oficial de pessoas infectadas no Estado chega a 161.740. Também foram confirmados doze óbitos, elevando-se para 8.599 o total de vidas perdidas para a pandemia no Estado.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cortesia do leitor / Redes sociais