Responsável por ter transformado a Rua 7 de Setembro em um centro de efervescência cultural a partir da década de 70 do século passado, o fundador da Livro 7, Tarcísio Pereira, foi uma das vítimas da Covid-19. Ele morreu no dia 25 de janeiro, aos 73 anos, após lutar por dois meses contra as sequelas deixadas pelo coronavírus. Pouco mais de um mês depois do seu desaparecimento, a vereadora Cida Pedrosa (PC do B) protocolou um Projeto de Lei Ordinária (PLO) que propõe a alteração do nome da Rua Sete de Setembro para Rua Livreiro Tarcísio Pereira.
Segundo a assessoria da vereadora (foto), o projeto é um reconhecimento à importância da Livro 7, que durante 30 anos foi uma referência para milhares de estudantes e professores do Recife e região metropolitana. “Já fizemos um ofício, pedindo ao Instituto Arqueológico, Histórico e Geológico de Pernambuco para opinar sobre a proposta”, informa Cida Pedrosa, esclarecendo que o nome só pode ser alterado com a aprovação dessa instituição. O PLO foi lido para as comissões durante a reunião ordinária da Câmara da segunda-feira (1/3). Depois de protocolado, o projeto segue para apreciação nas comissões, antes de ser submetido à votação em plenário.
Na Assembleia Legislativa, a deputada Tereza Leitão (PT) propôs que seja fixada uma estátua do livreiro e editor na Rua Sete de Setembro. “Mais que uma livraria, a Livro 7 de Tarcísio Pereira foi uma instituição formadora de cidadãos e cidadãs”, diz Cida. A Livro 7 funcionava em num galpão de 1,2 mil metros quadrados, chegou a ter um acervo de 60 mil livros e ser apontada pelo Guiness Book, por cinco anos seguidos (entre 1970 e 1980), como a maior livraria do Brasil.
“Tarcísio tampouco era mais que o proprietário. Era um amante da literatura, que soube compartilhar esse amor com milhares de estudantes que só tiveram acesso a bons livros graças à sua generosidade. Quem não podia pagar, mesmo em suavíssimas prestações, podia ler o livro na própria livraria. Muitos até levavam para casa emprestado”, diz. Ela lembra que mesmo durante o carnaval, a livraria era um chamariz para a Sete de Setembro. Afinal, era dali que saía a irreverente troça Nóis sofre, mas nóis goza! A charge que ilustra essa página foi capturada nas redes sociais.
Leia também:
Nóis sofre mas nois goza: camiseta para colecionadores com oito infinito
Missa para o Anjo Azul do Livro
Nóis sofre… mais nois goza
Nóis sofre mais nóis goza é só folia
Nóis Sofre Mais Nóis Goza
Azul e rosa na folia dos laranjais
Menino veste azul e menina veste rosa?
Nóis sofre ironiza a ratoeira
Frevo com Beethoven no Nóis Sofre
Violino no Nóis Sofre Mais Nóis Goza
O ano de Cida Pedrosa
Cida Pedrosa lança livro na Câmara
Cida Pedrosa e as filhas de Lilith
Você tem fome de quê? De livros
O ato de ler é revolucionário
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Ilustrações extraídas das redes sociais
Iniciativa “mais que perfeita “.
Além de oportuna. Os brasileiros temos cada vez menos motivos para reverenciar essa data.
Merecidas homenagens a um ser que dedicou grande parte de sua vida aos livros e a cultura. Não dar pra esquecer a figura de Tarcisio sempre com um livro na mão. O símbolo do infinito no estandarte do bloco ” nos sofre mais nos goza” é muito significativo pra mim: infinitas possibilidades que existe na leitura de um bom livro e a memoria de Tarcísio ficará infinitamente ligada a cultura de Pernambuco