A Prefeitura vai receber um bom volume de recursos via França, para cuidar do centro da cidade, como noticiamos há pouco aqui no #OxeRecife. Mas quando a gente anda por aquela área – que inclui Boa Vista, Santo Antônio, São José e o Recife Antigo – é fácil observar nos três primeiros que o essencial não está sendo feito. E não é preciso muita grana não. Um pouco de cuidado com manutenção, e acho que boa parte dos recifenses já ficariam felizes. Mas por onde a gente anda, o que se vê é mesmo a marca do abandono. Infelizmente. E não é preciso andar muito não.
No sábado passado estive no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, que fica na Rua do Hospício. Cheguei pela manhã, no horário de movimento do comércio, e saí à tarde, quando a rua já estava deserta, tomada de lixo e frequentada por pessoas se drogando sem constrangimento. E não vi presença de segurança. A Rua do Hospício é uma das principais do centro. E o trecho em questão tem equipamentos importantes e turísticos, como o próprio IAHGP e o belíssimo Teatro do Parque que, felizmente, recuperou seu esplendor após a restauração, que se prolongou por mais de uma década. Na esquina da Hospício com a Imperatriz, pertinho da Praça Maciel Pinheiro, temos uma relíquia religiosa: a Matriz da Boa Vista, que passou mais de um século sendo construída – 1784-1889- e que integra o circuito turístico “Recife Sagrado”. Só isso já seria um bom motivo para se cuidar dessa área. Mas tem mais.

Além desses monumentos há, ainda, uma edificação que considero como uma das mais bonitas ali daquele trecho, o antigo Hotel do Parque (foto abaixo), que integrava o complexo de lazer implantado pelo comendador português Bento Luiz de Aguiar, no início do século 20. O complexo era composto de cine teatro, jardins e pelo hotel, que hospedava companhias estrangeiras que vinham se apresentar no Teatro do Parque. Além disso, ali pertinho, temos a casa onde nasceu o abolicionista Joaquim Nabuco, o sobrado onde morou Clarice Lispector e a histórica Praça Maciel Pinheiro. Portanto, não custava nada um zelo maior com aquele perímetro tão significativo para a nossa cidade.
Mas o prédio do antigo Hotel do Parque está com o térreo descaracterizado por conta do excesso de tolerância com os constantes atentados estéticos da cidade. Olhando-se para o andar superior, dá para perceber o quanto o prédio é bonito. Dava até para abrigar um equipamento cultural. O do IAHGP enfrenta a poluição estética da fiação desordenada, uma praga que toma conta dos quatro cantos da cidade, sem que ninguém faça nada para coibir. A casa de Clarice está quase caindo. E, o mínimo do mínimo… as calçadas estão esburacadas, como se vê na foto. Realmente, quem viveu o bairro da Boa Vista no passado, volta para casa com vontade de chorar.
Na foto abaixo o antigo Hotel do Parque. E nos links, mais informações sobre a Boa Vista e o centro da cidade.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

Letícia, em 1976, ainda estudante universitário da UNICAP, numa sexta feira pedimos autorização aos Professores e fomos assistir um show do Projeto Seis e Meia no Teatro do Parque simplesmente com o Genial Cartola e o Genial Carlinhos Vergueiro, uma Aula de Poesia e Música ao violão com um virtuose da grandeza do Carlinhos Vergueiro. Fui apresentado aos dois por um Amigo do Conservatório de Música que cantou comigo em Corais no Recife. No final do show, talvez o último de Cartola em nossa Cidade, ele informou que iria cantar uma Música de seus Sucessor por inteiro e que iria cantar uma Música dele para que as pessoas descobrissem quem era o seu continuador. Na introdução do Carlinhos Vergueiro quem conhece Música e tem Ouvido absoluto, sabe definir a Música , era a doçura do tocar nas cordas e ele começou a cantar a Música VIDA do também Genial Paulinho da Viola, uma das raridades dentro do LP que Paulinho da Viola lançou em 1976. Silêncio no Teatro e como estivesse perto ele me perguntou se conhecia a Música confirmei cantando e dizendo que era VIDA de Paulinho da Viola. No final do show ele nos chamou para ir a um bar na frente do Teatro e do Hotel do Parque e ele me disse que estava Hospedado desde a segunda feira no Hotel do Parque e disse que o Recife era lindo. Todas as vezes que passo naquele entorno me lembro do começo do verão de 1976 numa mesa de Bar com Cartola e Carlinhos Vergueiro. tempos bons do Recife e suas noites intermináveis.