Ceará: Comida para quem tem fome

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A cena chocou o país. Aliás, chocou o mundo.  Mas é apenas um retrato da situação do  Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do Planeta, no qual “somente” 19 milhões de pessoas passam fome. Dá para entender? Há alguns dias, um retrato dramático dessa situação ganhou as redes sociais, quando moradores da periferia de Fortaleza se penduraram em um caminhão de lixo para recolher restos de comida.  Os famintos alegam que aquela cena é comum. Acontece diariamente. Maria de Lourdes, moradora do bairro Vicente Pizon, é uma das mulheres que aparecem no vídeo catando alimentos no carro do lixo. Ela diz:

Aqui, nós não temos como garantir nosso alimento, então a alternativa é vir esperar o carro do lixo passar, catar o que é descartado pelos supermercados. E justifica É isso, ou não ter nada pra comer. A gente passa a manhã toda esperando no sol e, às vezes, nem água pra beber, queremos trabalho, a falta de alimento, a fome bate na nossa porta todos os dias.

Maria de Lourdes fez o comentário, ao agradecer as cestas básicas que recebeu de vários movimentos sociais, na quinta-feira. Eles se juntaram para doar alimentos que vieram de acampamentos e assentamentos do MST na região. As cestas possuem arroz, feijão, abóbora, farinha, coco, rapadura de caju e outros itens. A ação foi realizada a partir de uma parceria entre o MST, o Movimento dos Trabalhadores Por Direitos (MTD), Consulta Popular (CP), Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB) e o Levante Popular da Juventude (LPJ). Com o desemprego agravado pela pandemia e a inflação se agravando, a situação de fome tende a piorar.

No Recife, o Armazém do Campo, do MST, tem distribuído alimentos a moradores em situação de rua e famílias carentes.

Para Gene Santos, da Direção Nacional do MST no Ceará, é perceptível o aumento da miséria e da fome no Brasil e também no Ceará. E que para resolver a situação da fome “se faz necessário ter uma política de Reforma Agrária de verdade, que distribua terras, acesso à água, uma política de emprego e renda e de habitação para que o povo possa viver com dignidade”. Felizmente a sociedade está se mexendo. No Recife, o Armazém do Campo – que pertence ao MST – também tem feito doações de comida a moradores de rua. 

Na nossa cidade, a situação degradante de pessoas se alimentando de restos de comida achados no lixo também não é incomum.  Desde o início da pandemia, o MST vem desenvolvendo ações de solidariedade, devido ao crescimento da miséria no país. De março de 2020 até o momento, “já foi possível distribuir mais de 5 mil toneladas de alimentos e 1 milhão de marmitas em todo o país”, conforme o MST.  No Ceará, cerca de 1 milhão de pessoas viveriam na extrema pobreza. No Brasil, mais de 19 milhões passam fome, e 117 milhões não têm alimentos suficientes, conforme dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), de 2020.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto:  Aline Oliveira /Divulgação / MST e MST/ Acervo #OxeRecife

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